Bastonário diz que contratações diretas colocam em causa a carreira médica
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que visitou, esta quarta-feira, o Hospital de Braga, considera que a contratação de médicos pelos próprios hospitais públicos é “preocupante”.
O ministro da Saúde anunciou, esta quarta-feira, que os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que têm autonomia financeira vão poder contratar médicos diretamente, sem precisarem de esperar pelos concursos nacionais. Para Miguel Guimarães esta medida “não tem em consideração o mérito dos profissionais”.
“Reforço que foi a carreira médica que permitiu a existência do próprio Serviço Nacional de Saúde“, destaca, sublinhando que, “não havendo uma avaliação do mérito e da qualidade dos profissionais, é colocada em causa a carreira médica e o próprio SNS”.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e Sindicato dos Médicos do Norte partilham a mesma opinião. “Não é possível que as contrações diretas, totalmente desajustadas com aquilo que é a lei, permitam fazer uma carreira médica de uma forma séria”, aponta Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do SIM. No seu entender, “o país deve premiar o mérito”.
Recorde-se que segundo um despacho publicado na segunda-feira em Diário da República, estão previstas, no total, 196 vagas para a área de Medicina Geral e Familiar, 24 para a área de Saúde Pública e apenas 34 vagas para a área hospitalar. Jorge Roque da Cunha mostra-se preocupado com o reduzido número de vagas disponíveis, tendo em conta os 242 médicos que terminaram a especialidade.
O secretário-geral do SIM sublinha também a importância do Ministério da Saúde conseguir fixar profissionais e evitar rescisões. “No ano passado rescindiram mais de mil médicos, há dois anos rescindiram mais de mil médicos, reformaram-se cerca de 1.100 nos dois anos”, aponta, acrescentando que “atualmente há um milhão e quatrocentos mil portugueses sem médico e listas de espera como nunca vimos”. Segundo Jorge Roque da Cunha, “é preciso transparência e um ministro da Saúde que conheça os problemas”.
