Ucranianos assinalam independência em Guimarães com pensamento no país

A 24 de agosto de 1991 o Soviete Supremo da Ucrânia (o órgão legislativo da República) aprovou, com 321 votos a favor, dois contra e seis abstenções, a Declaração de Independência da Ucrânia. Desde então, este passou a ser o dia nacional do país. Mais tarde, a 1 dezembro do mesmo ano, a independência foi confirmada pelo voto popular, num referendo em que o sim à independência venceu com 93%. O sim venceu em províncias onde a maior parte das pessoas falava russo ou se identificava como etnicamente russa. 

Todos os anos o 24 de agosto é efusivamente celebrado pelos ucranianos, com fogo de artifício e concertos, mas este ano os festejos estão proibidos e poucos motivos há para festejar, num país destruído pela guerra. 

Coincidência ou não,  o dia 24 passou também a ser um marco da invasão russa. E hoje assinala-se, além da declaração da independência, meio ano de guerra. 


Nestes seis meses, Guimarães recebeu mais de 200 ucranianos fugidos da guerra. A paz que procuravam na Ucrânia encontraram-na na cidade que hoje não quis deixar a data em branco. O 24 de agosto foi assinalado na Biblioteca Municipal Raúl Brandão, em Guimarães. Algumas dezenas de ucranianos juntaram-se para cantar o hino, declamar poesia e dançar, apresentando as tradições do seu país. 

Mas o dia não soube a festa, porque as notícia que chegam todos os dias da Ucrânia “são horríveis” e não permitem festejos. 

“Estamos melhores juntos, mas é difícil dizer que é uma celebração, mas pelo menos sentimos apoio”, disse aos jornalistas Anastasiia Tarasenko. 

Yullia Mashkalova chegou a Guimarães em março e hoje não tem dúvidas:  “Portugal é um país maravilhoso. Nós e as nossas crianças estamos muito felizes, porque as pessoas que aqui vivem são muito generosas para todos. Estamos muito contentes por estar aqui nestes tempos mais difíceis para o povo ucraniano”.

Paula Oliveira, vereadora da Ação Social, Espaço Municipal para a Igualdade e Justiça, garante que o acolhimento destas pessoas tem corrido bem, porque tem sido feito em rede, havendo até ucranianos que estavam em outros municípios e quiseram instalar-se em Guimarães. Atualmente, segundo a vereadora, vivem na cidade berço 166 refugiados de guerra, “na maioria mulheres e cerca de 60 crianças, que estão a frequentar escolas e jardins de infância”. Os primeiros momento, revelou, “foram mais difíceis”, mas tem sido “permanente a solidariedade das empresas e entidades”. A integração profissional também tem bons indicadores. De acordo com Paula Oliveira, “a maioria está a trabalhar”. Um dos exemplos de sucesso, revelou, é o de uma cidadã ucraniana que instalou em Guimarães a empresa que tinha na Ucrânia, ligada ao setor têxtil/ moda, dando trabalho ao maior número de ucranianos que conseguiu. Além disso, há pessoas que ainda que à distância mantêm o seu posto de trabalho na Ucrânia, recorrendo ao teletrabalho. 


“A maior parte deles diz que, se um dia o país ficar em paz, quer regressar às famílias e ajudar a erguer a Ucrânia”, acrescentou. 

Com os tempos difíceis que se vão vivendo, há sempre gente a chegar, mas também há quem já tenha regressado à Ucrânia ou a outros países europeus ao encontro da família. “Não dizemos que não a ninguém, mas sempre com a cautela de que esteja assegurada a habitação e condições mínimas para terem uma vida digna”, terminou Paula Oliveira.


c/Beatriz Duarte*

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Liliana Oliveira
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Carolina Damas
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