Feira de Braga recebe enchente de emigrantes mas não se reflete em todos os negócios

Largas centenas de emigrantes aproveitam as férias de verão para se deslocar a Portugal. À terça realiza-se a Feira Semanal de Braga e, em pleno agosto, os clientes não são os mesmos de outras alturas do ano.

Maria, natural do concelho bracarense, está há quase cinco décadas na cidade francesa de Auxerre e, quando regressa ao país de origem, vai “sempre” ao recinto, localizado junto ao Estádio 1º de Maio, à espreita de “algumas coisas que goste”. Desta vez à procura especificamente de panelas, garante que “vir à feira já faz parte das férias”.

“Quando estou cá, venho todos as semanas”. Apesar de ser originário da vila vimaranense das Caldas das Taipas, Fernando prefere a feira da Braga porque é “maior” e “tem mais coisas”. “Fazer umas compras” enquanto passeia é também uma tradição para o emigrante que mora em Paris.

Da capital gaulesa vem gente com mais experiência, mas também se encontra quem esteja no certame pela primeira vez. Motivado pela mãe e à procura de capas para o telemóvel, João Paulo perde-se no meio de “tanta escolha”, desde objetos para equipamentos eletrónicos até à roupa, passando pelos utensílios de cozinha. O jovem de 19 anos diz que é “diferente de França”, que aposta mais em barracas com comida.

A expetativa das pessoas que compram é diretamente proporcional à das que tentam fortalecer o negócio nesta altura do ano. António não tem dúvidas de que, “se não fossem os emigrantes, vendia-se muito menos”. “Ouvem a música a tocar e compram”, refere o operador enquanto se tenta ‘desfazer’ de mais um álbum de música portuguesa.

“Madame, ici, la qualité parle”. Os feirantes mudam o dialeto para se adaptarem aos novos clientes. Ainda assim, há quem não tenha sorte. Manuel, que vende todo o tipo de roupa, considera que “as pessoas têm cada vez menos dinheiro” e, entre “comer e vestir”, a escolha é óbvia.

Na banca ao lado, Teresa vai mais longe e refere que “este ano está a ser pior do que os anteriores”. Com uma montra recheada de lençóis e colchas, explica que não consegue despertar o interesse dos emigrantes. “Muitas vezes nem olham”, lamenta.

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Tiago Barquinha
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Sara Pereira
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