“O Brasil esteve sempre no imaginário como um possível lugar de enriquecimento”

A independência do Brasil, há precisamente 200 anos, nunca significou um corte de relações com Portugal. A ideia é defendida por Marina Simões Galvanese, vencedora do prémio Victor de Sá de História Contemporânea, entregue, esta quarta-feira, pelo Conselho Cultural da Universidade do Minho, no Salão Nobre da Reitoria, no Largo do Paço, em Braga.
‘Os sentidos da emigração portuguesa: discursos, diplomas e políticas entre Portugal e Brasil (1835-1914)’, tese de doutoramento realizada na Universidade de São Paulo, foi o trabalho merecedor do galardão. A investigadora, mestre em História Contemporânea pela Universidade de Coimbra, explica que nem a “rutura política” verificada naquela época travou os fluxos migratórios de portugueses.
“Apesar da independência, o Brasil esteve sempre no imaginário das pessoas como um possível lugar de enriquecimento e de oportunidades”, afirma, ressaltando que essa tendência está agora a ser “invertida”, com o número crescente de cidadãos brasileiros em Portugal.
Depois da conquista do prémio, Marina Simões Galvanese quer continuar a estudar a emigração portuguesa para o Brasil, desta vez com enfoque mais preciso no período entre 1830 e 1865. “Não sendo uma época muito conhecida”, a ideia passa por abordar sobretudo a presença de açorianos nas plantações de café no Vale do Paraíba, no Rio de Janeiro.
Com 30 edições concretizadas, o Prémio Victor de Sá de História Contemporânea já laureou académicos como Fernanda Rollo, ex-secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e Miguel Cardina, que venceu uma bolsa de 1,4 milhões de euros do Conselho Europeu de Investigação.
O presidente do Conselho Cultural considera que o estudo de Mariana Simões Galvanese “engrandece o portefólio de trabalhos” respeitantes ao galardão. Miguel Bandeira destaca o papel que pode ter no sentido de conhecer melhor “um período especialmente profícuo na intensa vaga de emigração de portugueses para o Brasil”.
Na cerimónia foi também distinguida, com uma menção honrosa, o trabalho ‘Refugiados espanhóis em Portugal: entre a repressão policial e a solidariedade popular (1936-1945)’, de Fábio Faria.
Candidaturas abertas até final de setembro
As candidaturas para a 31ª edição do prémio, considerado o galardão nacional mais prestigiado para jovens investigadores da área, já estão abertas, até 30 de setembro. A distinção tem um valor pecuniário de 3.500 euros e destina-se a cidadãos portugueses e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) até 37 anos de idade.
Os trabalhos concorrentes devem versar sobre a História Contemporânea Portuguesa, a partir de 1820, estar redigidos em língua portuguesa e ser originais datilografados ou, então, publicados desde o ano de 2021 e até ao último dia do prazo para a entrega de candidaturas. Devem ser entregues, pessoalmente ou por carta, no Largo do Paço, em Braga.
