Braço de ferro entre moradores de Ferreiros e CMB continua

O braço de ferro, que começou em abril entre moradores de Ferreiros e a Câmara Municipal de Braga, continua. Em causa está o anúncio da contrução de habitações a preços controlados na Rua Edgardo Sá Malheiro.
No entanto, para os moradores das imediações, a intenção da maioria resultará na instalação de “mais um foco de desestabilização” social”.
Depois do lançamento de uma petição que já reuniu mais de 3 mil assinaturas, os ânimos exaltaram-se no sábado passado, com Ricardo Rio, presidente e recandidato da coligação a ser mesmo vaiado numa ação eleitoral na União de Freguesias de Ferreiros e Gondizalves.
Ouvido pela RUM, José Silva, morador e um dos impulsionadores da petição, acusa a coligação Juntos por Braga de “provocação” quanto à escolha do local da sessão pública que realizou (nas imediações do terreno camarário onde poderá ser erguido o projeto) e quanto ao facto de não ter esclarecido durante o seu discurso, o que pretende para aquele terreno.
“Foi desperdiçada uma boa oportunidade dos habitantes serem esclarecidos”, começou por referir. “Já recebemos informações que o projeto será para avançar, no entanto ainda não desistimos e quinta-feira vamos tentar convergir numa solução que seja interessante para as duas partes”, acrescentou.
O porta-voz não quis revelar à RUM as propostas que serão apresentadas ao presidente da autarquia. Confrontado pela Universitária sobre alguns comentários xenófobos por parte dos moradores, José Silva refutou qualquer acusação nesse sentido, afirmando que “desde o início” não apresentaram “qualquer problema com a etnia ou raça” de quem vá para aquelas habitações.
“Nós não queremos é criar mais um foco de desestabilização. Esta guetização da população mais desfavorecida não se traduziu em resultados animadores para ninguém. Nós não estamos a falar de etnias, estamos a falar da experiência da aglomeração das pessoas com fragilidades sociais. Não queremos ser vítimas de um erro do passado que está comprovado”, insistiu.
“Os moradores têm sido envenenados com uma mentira” – Ricardo Rio
Ora, Ricardo Rio, autarca local e recandidato da coligação Juntos por Braga, sublinha que a posição da maioria se mantém e desmente alguns dos pontos levantados pelos contestatários. Na opinião do social democrata, os moradores “têm sido ao longo dos últimos meses envenenados com uma mentira, de que lhes iriam colocar um bairro social à porta de casa”.
“A Câmara Municipal quer responder a uma necessidade premente do nosso concelho que é disponibilizar habitação a custos acessíveis. Não é habitação social. E essa habitação a custos acessíveis pode materializar-se em arrendamentos a custos acessíveis ou pode materializar-se até em aquisição a custos acessíveis. Não há nenhum motivo para que os cidadãos ali residentes tenham qualquer preocupação com este projeto”, esclareceu.
Ricardo Rio disse ainda ter falado diretamente com vários moradores no passado sábado, onde esclareceu que “a estratégia local de habitação terá que ser validada pelas instâncias nacionais, e depois disso aferir se a mesma terá financiamento para viabilizar a sua construção”.
À RUM, o autarca aproveitou ainda para acusar o governo socialista de se comprometer com vários projetos, percebendo-se que a soma dos valores inerentes “já ultrapassa as verbas que estão disponíveis no plano de recuperação para a componente de habitação”.
O autarca admite também que a reunião que decorrerá na próxima quinta-feira acontecerá “a pedido dos moradores”, ainda que não tenha muitas novidades em relação ao processo para lhes apresentar.
