Pandemia pode originar menor número de partos no Hospital de Braga em 2021

A pandemia de Covid-19 pode originar um menor número de partos realizados este ano no Hospital de Braga, revelou ontem Fátima Monteiro, enfermeira especialista em Saúde Materna e Obstétrica e formadora de conselheiras em aleitamento materno do Hospital, no programa da RUM, “A Saúde tem Voz”.
Por ano, o hospital realiza em média mais de 3 mil partos, 60% dos quais naturais, mas este ano o número deve diminuir.
“Numa fase inicial, no ano passado, houve uma certa retração mas a ideia que passava era a de que as coisas iam evoluir rapidamente num sentido positivo e o número de nascimentos voltou a aumentar. Mas, logo no início deste ano, houve um retrocesso, o que levou a que as famílias ponderassem engravidar”, explicou a especialista.
Na maternidade de Braga, o cenário em 2020 e no início de 2021, admitiu Fátima Monteiro, “foi assustador” porque resultou no “facto de as famílias não poderem estar juntas”. O contexto mudou e agora “as coisas estão mais sanadas e os pais podem estar nos períodos pré-parto, parto e pós-parto com as mães”.
Lembrando que o Hospital de Braga é o terceiro do país com mais partos realizados anualmente, a enfermeira especialista revela que as mulheres que chegam ao hospital vêm de vários pontos do território nacional.
“Temos muitas famílias fora da área de influência, que vêm de Coimbra ou de Leiria, que nos procuram por causa da qualidade e do tipo de trabalho de parto que proporcionamos às famílias”, assinala, recordando que “a mulher tem a livre opção de escolher o local de nascimento do bebé” podendo este ser “fora da sua área de residência”.
Amamentação está a aumentar mas é ainda insuficiente
Fátima Monteiro é formadora de conselheiras em aleitamento materno do Hospital e, no âmbito da “Semana Mundial do Aleitamento Materno” assinalada na semana passada, abordou a amamentação no programa da RUM.
A especialista revelou que o número de mães acompanhadas pelo Hospital de Braga que recorrem à amamentação está a aumentar mas “deveria ser ainda maior”. No entanto, Fátima Monteiro garante que a importância do aleitamento materno é cada vez mais percetível pelas mulheres.
“Quando as mulheres têm um filho é um objetivo de vida e notamos que as taxas de amamentação têm vindo a aumentar. Ainda assim, não têm aumentado de acordo com o que gostaríamos, pensando na saúde das crianças e futuros adultos”, assinalou.
A especialista apontou ainda os benefícios do leite materno, o qual “permite ao bebé um reviver do ambiente uterino através da proximidade e do contacto junto da sua mãe”, sublinhando que a amamentação direta possibilita “a passagem para o bebé de todos os anti-corpos desenvolvidos pela mãe ao longo da sua vida”, aumentando a proteção contra “as infeções mais comuns na primeira infância, como as respiratórias, gastrointestinal e urinário”.
Fátima Monteiro é enfermeira especialista em Saúde Materna e Obstétrica há mais de 30 anos, 18 dos quais no Hospital de Braga.
