Acumulação de marcações justifica filas de espera no centro de vacinação de Famalicão

Uma acumulção de agendamentos terá justificado as longas filas de espera no centro de vacinação de Vila Nova de Famalicão, em Vale S.Cosme, esta segunda-feira. Segundo a RUM conseguiu apurar, a falta de articulação entre o ACES de Famalicão e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde poderá ter originado o excesso de agendamentos para o período da manhã.

Há relatos de pessoas, incluíndo diabéticos, que esperaram quatro horas para receber a vacina da Covid-19. 

Com capacidade para 1500 inoculações diárias, este centro de vacinação reservou 750 para o período da manhã, onde terão prioridade os autoagendamentos. A RUM sabe que na sexta-feira, dia 7 de maio, estavam já confirmados 69 autoagendamentos para a segunda-feira seguinte, 10 de maio. Perante o número de vagas disponíveis, foram agendadas 600 vacinações para utentes dos centros de saúde do ACES Famalicão, ficando ainda uma margem de 81 marcações.

O problema surge no decorrer do fim-de-semana, quando os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, responsáveis por articular os autoagendamentos com a Task Force, confirmaram para a manhã de segunda-feira (10 de maio) mais 680 vacinações. Segundo apurou a RUM, o número de autoagendamentos no fim-de-semana superou o habitual, tendo sido ainda repescados alguns utentes e profissionais de saúde ou de educação. À RUM, uma fonte do ACES explicou que foi mudada a estratégia e todos os autoagendamentos previstos para a semana de 10 a 16 de maio passaram para a manhã de segunda-feira, que dispunha de vagas. À RUM foi ainda relatado que na semana de 3 a 9 de maio, foram registados poucos autoagendamentos.

Recorde-se que o processo de autoagendamento só fica concluído quando a pessoa confirma a data e hora da vacinação, momento a partir do qual a marcação entra no sistema. Esta confirmação, podendo ser feita a qualquer momento, faz aumentar continuamente o número de agendamentos.

Apesar de as equipas médicas destacadas para o centro de vacinação terem sido reforçadas, não foi suficiente para evitar o caos, uma vez que a capacidade do centro de vacinação foi largamente ultrapassada. No total, na segunda-feira, foram vacinadas, em Famalicão, mais de 1750 pessoas. 

Apesar de alguns problemas a nível informático, que deixam o sistema mais lento, o ACES quis “rentabilizar os recursos humanos”, tendo em conta que estavam previstas, inicialmente, menos de 100 inoculações para a manhã de 10 de maio.

A situação repetiu-se esta terça-feira, com as filas a diluir-se durante o período da tarde. O ACES de Famalicão tinha previsto proceder à vacinação das forças de segurança esta sexta-feira, mas terá que proceder ao reagendamento, uma vez que para esta sexta-feira, 14 de maio, estão já confirmados 308 autoagendamentos.

Para evitar situações futuras, a RUM sabe que o ACES deixará de proceder ao agendamento de utentes locais para o período da manhã. 

A RUM contactou a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) que adiantou que, muitas vezes, estas filas de espera se devem ao facto de os utentes não respeitarem o horário estipulado, não aguardarem a confirmação do auto-agendamento ou deslocar-se mais do que uma pessoa para a vacinação, quando está marcada apenas uma. No entanto, a ARS confirma que em fases mais massivas de vacinação o sistema informático fica mais lento, podendo atrasar o processo. A ARS frisa, no entanto, que o processo de vacinação está a decorrer muito bem em todo o país. 

Paulo Cunha alerta ARS-N para longas filas de espera no centro de vacinação de Famalicão

As longas filas de espera levaram o presidente da autarquia a alertar a ARS-N, apontando “cansaço, desânimo e revolta justificada nas pessoas”. 

Na comunicação enviada, Paulo Cunha refere “a qualidade do atendimento só é assegurada se a marcação da vacinação junto dos utentes, de que são responsáveis as entidades de saúde, for efetuada com o cuidado que se impõe, assegurando-se a distribuição das pessoas ao longo do dia em função da capacidade instalada no local”.

“A situação agravou-se nos últimos dias de forma preocupante, ao que julgamos saber pela entrada em funcionamento do autoagendamento através do portal disponibilizado pela Direção Geral de Saúde, que se juntou ao processo de agendamento efetuado pelos serviços de saúde”, acrescentou, pedindo “atenção e análise a esta situação para que a qualidade do serviço prestado no Centro de Vacinação de Vila Nova de Famalicão seja assegurada em permanência”.