Maior flexibilidade de horários é viável em muitas atividades profissionais

Reduzir uma semana de trabalho para quatro dias “pode não ser descabido”, na opinião do economista Fernando Alexandre.

Esta semana, na conversa sobre ‘O Futuro do Trabalho’, promovida pela RUM em parceria com a ACB, quando questionado sobre as diferentes possibilidades, nomeadamente uma semana de trabalho de quatro dias, o docente da UMinho e vice-presidente do Conselho Económico e Social reconheceu que “seria interessante” defendendo “mais flexibilidade para as empresas ou dias de férias espalhados durante o ano” e “não necessariamente um fim de semana prolongado”. 

“Seria ótimo e é possível acreditar porque a tecnologia tem essa capacidade. Pode ser também possível pela via da maior flexibilidade da questão dos horários de trabalho que vai ser possível, por exemplo, em resultado do teletrabalho mas também de outros modelos de organização do trabalho”, explicou.

Na mesma conversa, Pedro Fraga, CEO da F3M disse discordar da existência de horários de trabalho “num enorme conjunto de atividade”. 

“Não consigo perceber o modelo de trabalho, que no fundo é geral que é: às nove horas vamos todos para o mesmo sítio, paramos à uma, voltamos todos às duas e depois os movimentos pendulares que isto implica”, exemplifica, argumentando que “em inúmeras atividades o horário deveria ser completamente livre”, mas acordado entre empresa e colaborador.

Já César Campos, da UGT de Braga, considera que a flexibilidade dos horários de trabalho será “inevitável a médio prazo”. Menos convencido quanto a um modelo de quatro dias de trabalho, defende dias de trabalho apenas de manhã ou apenas à tarde. “Pode ser muito interessante até para os empregadores em termos de produtividade”, justifica.

Sobre a digitalização e a transição climática, Fernando Alexandre afirma que “vamos ter mais empregos no futuro do que no presente” pela via da automação. “A maior parte dos estudos o que mostram é que vamos ter mais emprego. No caso de Portugal e da Europa, estamos com um grande envelhecimento da população, e o grande problema é: como é que vamos fixar quadros de qualidade em Portugal”, analisa.

“A maior destruição de emprego tem acontecido nas qualificações intermédias”

As tarefas repetitivas vão continuar a ser susbsituídas por máquinas, continua. “Aí tem sido um problema. Uma das razões da reindustrialização é essa. As qualificações do futuro, muitas não sabemos quais são, mas sabemos que são competências que não podem cair em tarefas rotineiras, mas nas chamadas tarefas mais cognitivas, que exigem mais capacidade na interacção”, explica.

A requalificação de quadros é cada vez mais premente. O presidente da UGT considera que ao Estado exige-se que contribua para a requalificação dos trabalhadores. “Cabe ao Estado chamar essas pessoas e ver em que áreas pode apostar na sua requalificação”, sublinha, recordando que entre 2008 e 2011, com um elevado índice de desemprego, as políticas de requalificação foram reforçadas.

Pedro Fraga, CEO da F3M reconhece que o Estado deve procurar, junto das empresas, promover a requalificação dos seus profissionais. Mas para o empresário, antes de tudo, é preciso adequar as vagas de cada curso de ensino superior às necessidades de emprego.

“Há que adaptar para não termos estes problemas. E há a responsabilidade da família que é o primeiro agente de emprego e de empregabilidade. Porque é que um pai não veda objetivamente alguns cursos aos seus filhos apenas porque eles gostam?”, questionou, reconhecendo que esta pode ser uma observação “polémica”.

Partilhe esta notícia
Elsa Moura
Elsa Moura

Deixa-nos uma mensagem

Deixa-nos uma mensagem
Prova que és humano e escreve RUM no campo acima para enviar.
Volta ao Mundo em 180 Discos
NO AR Volta ao Mundo em 180 Discos
00:00 / 00:00
aaum aaumtv