Consultas atrasadas e tratamentos a meio gás aumentam risco de AVC

Um terço dos pacientes com AVC tiveram consultas médicas presenciais, 29% apenas teve acesso a teleconsulta e 38% dos casos não teve acesso a nenhuma das formas alternativas e continua, por isso, a aguardar pela marcação de nova consulta. Os dados foram revelados pela Portugal AVC – União de Sobreviventes, Familiares e Amigos que entre 4 e 17 de Março realizou um inquérito a 823 doentes.
Neste Dia Nacional do Doente com AVC, maior causa de incapacidade e morte no nosso país, a RUM conversou com o presidente da Portugal AVC, António Conceição, que alerta para a falta de acompanhamento dos doentes que podem contribuir para novos episódios de AVC ou outras complicações de saúde.
O responsável alerta também para a dificuldade em adquirir uma prescrição médica para realizar os tratamentos de reabilitação que são considerados, pelos pacientes, como o seu principal “medicamento”. António Conceição revela que 55% das pessoas que responderam ao inquérito “não conseguiram retomar os tratamentos, apenas 26% retomou os tratamentos nos moldes pré-pandemia e 19% fez menos tratamentos do que o planeado”. Em causa estão terapias ocupacionais, fisioterapia e terapia da fala.
Para o responsável outro dos efeitos da pandemia é a quebra de idas ao hospital em caso de AVC. “Muitos fazem-no numa fase tardia o que aumenta a gravidade da situação”, garante.
O presidente da Portugal AVC – União de Sobreviventes, Familiares e Amigos fala em falta de estratégia para responder às necessidades dos doentes. À RUM, António Conceição revela que já encaminhou os resultados do inquérito ao Ministério da Saúde, Direção-Geral de Saúde, Comissão Parlamentar e ao Presidente da República.
Quais os principais sintomas de alerta?
São conhecidos como os três F´s. Deve estar particularmente atento: a falta de força num membro, desvio da face e/ou dificuldade na fala. Os sintomas podem ocorrer de fora isolada ou todos em simultâneo. Nestas situações deve ligar o 112 para ativar a Via Verde do AVC.
Por ano, existem cerca de 25 mil episódios de internamento de doentes com Acidente Vascular Cerebral. Em média, morrem em Portugal 30 pessoas com AVC. São 11 mil óbitos por ano.
