O papel das autarquias foi e continua a ser determinante no combate à covid-19

A opinião é dos presidentes dos municípios do quadrilátero urbano, em entrevista à RUM ontem à noite. O papel das autarquias foi e continua a ser determinante no combate à covid-19.

As opiniões dos autarcas locais convergem: no combate à covid-19, as câmaras municipais têm desempenhado um papel “crucial” desde o início e continuam a substituir-se ao estado no apoio às suas populações.

Na noite desta terça-feira, dia em que se assinalou um ano desde o primeiro caso de covid-19 confirmado em Portugal, a RUM ouviu os autarcas de Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos.

“Um ano de absolutos desafios para a gestão autárquica”, assume Ricardo Rio. O autarca de Braga recorda que este combate começou com desafios nas áreas da saúde e das respostas sociais que até aqui não estavam “tradicionalmente na primeira linha das responsabilidades dos municípios”, além das dimensões preventivas, depois na testagem e vacinação, passando pelo reforço das respostas sociais e revitalização económica e apoio ao tecido empresarial. “Acho que em Braga, como por todo o país, tivemos uma resposta muito cabal da parte das autarquias e isso ajudou a ultrapassar muitas das dificuldades”, realça.

Entre 2020 e 2021, o município de Braga abdicou de muitas das atividades, mas isso não significou poupança, “antes pelo contrário”. Explicando que muitas das atividades tinham fontes de receita próprias que sustentavam esses investimentos, o que aconteceu foi que as autarquias tiveram de registar perdas de receita. O município passou a atribuir isenções, protelou prazos de pagamento que abrangeram inquilinos e o tecido empresarial. Por outro lado, o volume de despesas agravou com testes realizados na primeira vaga, investimentos em equipamentos informáticos, investimentos logísticos em estruturas de apoio, unidades de retaguarda, estruturas de testagem. Ricardo Rio estima uma despesa adicional de 4 a 5 milhões de euros neste período temporal.


Comércio, restauração e turismo entre as preocupações centrais dos municípios do quadrilátero

O aumento do desemprego no concelho é uma das preocupações atuais. Depois de vários anos a reduzir a taxa de desemprego, Braga recuou com a perda de algumas centenas de postos de trabalho, “o que é mau face à circunstância que se vivia”, lamenta.

Só nos setores do comércio, restauração e turismo estima-se que neste último ano Braga tenha perdido “muitos milhões euros de faturação e de geração de valor para o concelho”.

“Ninguém ficou sem apoio”

O presidente do município de Braga afirma que “ninguém ficou sem apoio durante este período” graças à conjugação de esforços. “Mobilizaram-se recursos quer públicos, de estruturas sociais, do tecido empresarial e de outros agentes para conseguirmos do ponto de vista alimentar e do apoio à habitação não ter ninguém que necessitando não tenha esse apoio”, vinca o autarca. A BragaHabit continua a responder às solicitações. No acesso à alimentação, as respostas criadas pela sociedade civil têm sido fundamentais.


Pico de casos diários no concelho de Braga aconteceu em novembro

Durante a pandemia, Braga foi sofrendo oscilações. Nos lares de terceira idade registou-se um número significativo de óbitos até junho e novembro foi o pico de casos diários durante algumas semanas, situação que se voltou a agravar em janeiro, com várias centenas de novos casos por dia.

Nas duas últimas semanas Braga regista uma média de dez a quinze casos por dia, uma posição “bem mais confortável” que comprova os resultados do confinamento, analisa o autarca.

Governo com nota negativa

Ricardo Rio considera que “houve demasiadas vezes em que o governo poderia ter tido outro tipo de atitudes e outra capacidade de antecipação e resposta que não teve”. Critica o “semi confinamento” que concentrava as pessoas de manhã e as proibia de sair à tarde. Já em janeiro, defende que o governo “podia ter evitado a propagação do vírus com o encerramento mais precoce das escolas” e falhou na falta de preparação do ensino digital que “seria bastante mais gravoso se não fosse a intervenção das autarquias”. Ainda assim, recusa um sentimento absolutamente crítico em relação ao governo uma vez que a pandemia “não é uma situação propriamente fácil de gerir”.

Até junho não estão equacionadas iniciativas que permitam grande aglomeração de pessoas

Não há Braga Romana nem São João e falar sobre a Noite Branca é “precoce”. Ricardo Rio sublinha que a autarquia de Braga vai acompanhar a evolução da pandemia e da vacinação, assim como as indicações das autoridades de saúde. Tudo dependerá das condições de aceleração da vacinação. Certo é que “antes do verão dificilmente teremos grandes atividades no concelho”.


OUVIR CAMPUS VERBAL  – “Um ano de pandemia. Os desafios dos municípios do quadrilátero”. Com Ricardo Rio, Adelina Paula Pinto, Paulo Cunha e Miguel Costa Gomes

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Elsa Moura
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