Inteligência artificial ajuda a identificar potenciais doentes de Alzheimer

Erros ortográficos e vocabulário repetitivo podem ser um sinal de Alzheimer. Um novo algoritmo de inteligência artificial, dado a conhecer por investigadores do IBM, tem a capacidade de prever potenciais doentes de Alzheimer. Através dos padrões de escrita há possibilidade de antecipar o aparecimento dos primeiros sintomas da doença. 

A informação foi avançada pelo NYT. Segundo os investigadores, um grupo de 80 homens e mulheres, na casa dos 80 anos, teve que descrever uma imagem. Metade do grupo portador da doença, outra metade não.

Cerca de sete anos antes, todos os participantes tinham funções cognitivas normais. O programa de inteligência artificial previu com 75 por cento de precisão quem teria a doença de Alzheimer.

Segundo a investigação, pessoas com uma ampla variedade de doenças neurológicas têm padrões de linguagem distintos, que, segundo os investigadores, podem ser os primeiros sinais de alerta para doenças neurológicas.

Os cientistas analisaram as palavras usadas pelo grupo, com um programa de inteligência artificial que detectou diferenças na linguagem. O programa identificou um grupo de participantes cujo vocabulário era mais repetitivo, com alguns erros, grafia errada ou uso inapropriado de letras maiúsculas.

Tiago Gil Oliveira, investigador e professor da Escola de Medicina da Universidade do Minho, está também ele a desenvolver uma investigação que recorre à inteligência artificial e à ressonância magnética para detetar precocemente doenças neurodegenerativas. Entrevistado pela RUM, o também neurologista do Hospital de Braga explicou que a sua equipa de trabalho recorre a informação dos doentes, “imagens das ressonâncias magnéticas cerebrais em diferentes fases da doença, metodologias quantitativas e baseadas em inteligência artificial, para encontrar padrões que permitam identificar assinaturas de desenvolvimento precoce da doença e que permitam distinguir diferentes subtipos de Alzheimer ou outras demências para aumentar a precisão do diagnóstico”. 


“Num dos estudos que publicamos, identificamos algumas assinaturas particulares e padrões de imagem que permitem identificar as regiões mais suscetíveis em diferentes tipos de demência. Isto permite fazer um diagnóstico mais precoce e dirigir as terapêuticas, no futuro, para uma demência em particular”, explicou. 


A doença de Alzheimer “afeta regiões especificas do cérebro, que têm funções muito particulares”. “A linguagem também está alocada a regiões particulares do cérebro, ou seja, pode ser percecionada na maneira como escrevemos, como comunicamos com outras pessoas, nas dificuldades em encontrar as palavras certas ou hesitações”, explicou.


Até ao momento, “a grande maioria dos ensaios clínicos, relativos aos tratamentos, falharam”. Em parte, isto pode ser justificado pelo facto de se dar início ao processo numa altura em que já há “uma perda de células cerebrais que não permitem que esses tratamentos sejam eficazes”. “Se conseguirmos ter marcadores não invasivos que permitam detetar o início da doença, antes da perda de células cerebrais, será um dos grandes objetivos para testar com eficácia novas moléculas e terapêuticas para esta doença”, avançou Tiago Gil Oliveira.

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Liliana Oliveira
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