Cidadãos exigem à CMB que elabore regulamento do arvoredo no concelho

O abate de árvores na cidade de Braga foi o tema dominante nas intervenções dos cidadãos na Assembleia Municipal de Braga desta quinta-feira.

A contestação das redes sociais passou para a Assembleia Municipal de Braga. Na noite desta quinta-feira, 17 de Dezembro, vários bracarenses usaram da palavra para criticar o modelo de actuação da autarquia em relação ao arvoredo. Entre as denúncias, um dos cidadãos revelou que milhares de árvores plantadas no Monte Picoto nos últimos anos já secaram. O trabalho desenvolvido por escolas, cidadãos individuais e empresas terminou com a morte de muitas das árvores plantadas. 

O abate indevido e sem explicação também foi contestado. Houve quem dissesse que os bracarenses “não querem saber de diplomas ambientais a la minute”, mas sim de um ambiente “cuidado e preservado”.


O Monte Picoto tem sido um dos locais escolhidos pela autarquia para plantar árvores de diferentes espécies autóctones, mas, segundo um dos cidadãos, “milhares de espécies não resistiram e secaram”. Por essa razão, José Lopes solicitou a criação de “um gabinete composto por técnicos qualificados que possam estudar o espaço urbano da cidade para fazer um levantamento das espécies a plantar, estudar as espécies a serem substituídas por não terem condições de estar onde estão”. Foi ainda sugerido que se estudem as espécies mais aconselhadas para o espaço urbano “que contribuam com as finalidades que representam e não só pela sua beleza”.

Ana Morais, por sua vez, criticou o projecto em execução no Parque das Camélias e sugeriu ao município que desenvolva um regulamento de arvoredo para evitar o alarme social constante em Braga em torno do tema. “Recentemente vieram a público imagens que levantam a suspeita de que ali (Parque das Camélias) estejam a ser cometidas agressões a sobreiros, causadas pelas obras. O sobreiro é de grande importância no nosso país e está protegido pela lei portuguesa desde a idade média”, denunciou, sustentando por isso que “não devem ser toleradas obras que representem uma agressão à árvore nacional nem a outras espécies protegidas pela lei”. 

Na óptica desta cidadã, um plano de comunicação e um regulamento do arvoredo urbano claros “trariam grandes benefícios à cidade e resolveriam o alarme social gerado em torno do abate”.

Ana Morais criticou também o abate e a poda lesiva “por motivos fúteis ou desconhecidos”, exigindo esclarecimentos aos cidadãos com argumentos técnico-científicos.

Na sua intervenção na Assembleia Municipal alertou também para a substitução tantas vezes justificada pela autarquia de Braga. Ana Morais deixou ainda um recado aos responsáveis políticos que “apresentam contas que servem apenas para tranquilizar aqueles que já estavam tranquilos e agudizar a inquietude dos cidadãos com preocupação ambiental”: 

“Que seja abandonada de uma vez por todas a retórica de chamar a um abate de uma árvore de cem anos uma substituição. Não se trata de nenhuma substituição, pois o valor biológico de uma árvore antiga saudável não é equiparável ao plantio de uma, nem duas, nem três árvores jovens”, concluiu.

Por seu turno, Pedro Pinheiro Augusto afirmou que “os bracarenses não estão interessados em diplomas ambientais à la minute”. Perante a plateia recordou o corte de árvores para construir a ciclovia nas imediações da UMinho e do INL. Denunciou que o abate aconteceu a poucos dias de uma reunião que o vereador do Urbanismo – Miguel Bandeira, – tinha agendada com cidadãos para discutir alternativas que preservassem as referidas árvores, classificando a atitude da autarquia como “um desprezo à democracia que espoletou uma crescente contestação pública às economicistas e erradas políticas ambientais da Câmara Municipal de Braga”.

Pedro Pinheiro Augusto não poupou nas críticas ao município a quem sugeriu que siga o exemplo da Câmara de Lisboa e crie um regulamento municipal do arvoredo urbano, considerando que o mesmo permitiria criar um quadro de actuação que “promova e sistematize as intervenções da autarquia e de terceiros no planeamento, implantação, gestão e manutenção do arvoredo”.

“Durante os últimos anos temos assistido ao abate reiterado e sucessivo do arvoredo urbano, falta de fundamento científico nos seus cuidados, desprezo quando a execução de trabalhos na via pública, ausência de planeamento na sua gestão e expansão, comprometendo o futuro dos bracarenses que assistem impotentes e crescentemente revoltados”, pormenorizou.

Bloco de Esquerda apresentou recomendação

Também o Bloco de Esquerda (BE) apresentou uma recomendação à CMB para que elabore com carácter urgente um regulamento municipal que crie normas de intervenção no arvoredo urbano.

Na resposta, o deputado do PSD, João Marques, referiu que a autarquia discorda  das considerações apresentadas quanto à política da CMB no tratamento arbóreo referindo que os estudos solicitados à UTAD demonstram “uma grande evolução” nesta matéria. O social democrata sugeriu que a proposta do regulamento seja discutida em sede de comissão. “Podemos verificar se há discrepância que obrigue a um regulamento”, disse.

Já João Nogueira, deputado do Partido Socialista disse que toda a comunidade bracarense está preocupada e quer que este problema “deixe de ser uma polémica” e que todos se possam rever num regulamento. Sobre as justificações da autarquia, acrescentou que não passa da “narrativa do costume”, assinalando que a gestão socialista plantou dezenas de milhares de árvores ao longo de várias décadas.

A segunda parte da Assembleia Municipal está agendada para dia 22 de Dezembro, às 19h00.

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Elsa Moura
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Sara Pereira
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