“Está a ser ponderado um estado de emergência diferente e limitado”

“Verdadeiramente nunca deixámos de estar em emergência. Temos resistido. Estamos em emergência neste sentido: a emergência levou a estado de emergência porque, naquele momento, a economia estava estabilizada, era um fenómeno novo em todo o mundo e as estruturas dos sistemas de saúde não iam aguentar”, explicou, em entrevista à RTP, o Presidente da República.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, a progressão matemática não tem batido certo com a realidade clínica, mas a pressão sobre o SNS preocupa o Presidente. “Aquilo que está a ser ponderado é uma coisa diferente, porque a situação é diferente. Diferente no sentido de ser muito limitado de efeitos preventivos e não apontando para o confinamento total ou quase total”, adiantou o chefe de Estado.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, este novo estado de emergência está a ser ponderado para criar condições para a utilização de meios e recursos do sector privado e social da saúde.
Há oito meses, “havia unidade, nenhum partido votou contra o estado de emergência. Na primeira renovação já havia partidos a votar contra, a terceira já foi muito mais difícil. Se perguntar neste momento por um confinamento – já não digo total, mas muito vasto – a resposta é não. A resposta é sim a medidas, a um estado de emergência limitado”, adiantou.
“Sociedade está largamente fatigada, alguns têm posições negacionistas”
“Há oito meses a economia estava bem, agora não está”. Sobre o SNS, o Presidente assumiu que “a capacidade é muito maior, a pressão é maior também, é evidente”. “Centenas de camas ocupadas por razões sociais foram ou serão desocupadas com transferências para o setor social. Agora sabe-se como lidar com a pandemia, mais do que se sabia no primeiro estado de emergência (…) e a eficácia do tratamento é maior do que era na altura”, acrescentou.
Mas há mais diferenças, sobretudo relacionadas com a população, que “aderiu por antecipação ao confinamento total” em Março. Agora, “a sociedade não é a mesma, está largamente fatigada, alguns têm posições negacionistas e diga que não há pandemia”.
“Pergunta-se porquê preocupar-se com os doentes Covid e não com os outros? As pessoas têm de perceber que estamos todos no mesmo barco”, apontou.
O Presidente assume ainda total responsabilidade “por tudo o que aconteceu” e reforçou a ideia de que as audiência que tem feito servem “para aumentar a participação dessas entidades na saúde e medir o pulso à saúde”.
Recuo do Governo na proibição de feiras “é certo”
O Governo recuou, esta segunda-feira, na proibição da realização de feiras e mercados nos concelhos de maior risco, desde que as autarquias de cada local confirmem que existem condições de segurança e autorizem.
“Essa correção, a meu ver, é certa. Não se percebe porque é que os supermercados podem e as feiras e mercados não podem. As medidas são fundamentais para conter, controlar e achatar a curva, mas não determinam a duração da pandemia nem são infalíveis nos seus efeitos”, reconheceu.
Marcelo afirma também que este novo estado de emergência servirá também para evitar os problemas jurídicos no limite à circulação.
