“Na China há agora um certo preconceito em relação aos estrangeiros”  

O regresso à China tem sido dificultado aos estrangeiros, ainda que tenham o visto válido. A pandemia que assola o mundo começou precisamente na China, em Wuhan, a 1 de Dezembro de 2019, sendo que o primeiro caso foi reportado em 31 de Dezembro. Desde então a circulação intercontinental sofreu alguns constrangimentos.

Sara Costa estudou Línguas e Culturas Orientais, na Universidade do Minho, e, desde 2018, mudou a sua morada para Pequim. Neste momento, encontra-se em Portugal e sem data de regresso à cidade chinesa.

À RUM, a alumna explicou que na China, “neste momento, há um certo preconceito em relação aos estrangeiros”, dado ser “um sistema muito fechado e ditatorial”. “Obrigam as pessoas que chegam de fora a fazer uma quarentena de 15 dias, nas instalações do partido, que são hotéis detidos pelo Estado, e os custos têm que ser suportados pela pessoa, num valor que ascende os mil euros, sendo que não ficam em família, mas separadas”, descreveu.

Além disso, acrescentou Sara, “não há voos comerciais”, por enquanto. “Até ao final de Agosto, as fronteiras estavam fechadas a qualquer estrangeiro, mesmo que tivesse visto de residência ou autorização de permanência”.

Segundo a antiga estudante da UMinho, saiu, esta quarta-feira, uma nova lei que permite a entrada no país a quem tenha visto válido, mesmo que a data seja da epóca pré-pandémica, mas “até que se consiga renovar eles já deixam de estar válidos”. “Em Portugal, a embaixada não está a dar vazão aos pedidos”.

Alumna lança livro com poemas traduzidos de 33 poetas chineses

Sara Costa mudou-se para a China, em 2018, e por lá tem construído uma carreira literária. Nesse ano, lançou o livro “A Transfiguração da Fome”, que conquistou o Prémio Literário Internacional Glória de Sant’Anna 2019 de melhor obra de poesia publicada em países de línguas portuguesa.Em plena pandemia, a antiga estudante da UMinho lançou “Poética Não Oficial, Poesia Contemporânea Chinesa”, a primeira publicação de poesia traduzida por Sara, com 33 poetas chineses.

“A poesia chinesa sempre esteve ligada à política. Há uma certa China desmistificada, moderna, intercultural e aculturada e há uma visão crítica face à sociedade de consumo. São poetas interessantes para se compreender melhor o país”, revelou a escritora.

Alguns dos poetas seleccionados são dos mais lidos na poesia contemporânea chinesa, dentro e fora do país. Segundo Sara, nem sempre é fácil transcrever para português as palavras destes poetas. “Dizem que é o poeta que tem que traduzir os poemas, mas o poeta tem que distanciar-se e dar voz a outros poetas”, acrescentou.

Sara Costa foi convidada do programa “Alumni pelo Mundo”. A entrevista estará, depois, disponível no site da RUM.

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Liliana Oliveira
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Sara Pereira
NO AR Sara Pereira A seguir: Carolina Damas às 17:00
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