Investigação com ADN UMinho pode fazer a diferença no tratamento da Covid-19

Durante 10 anos fez parte do Instituto em Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos da Universidade do Minho (I3B´S) onde desenvolveu 65% da investigação que, agora, pode fazer a diferença no tratamento da Covid-19.
Segundo os resultados de um estudo clínico da autoria da Universidade de Oxford, a dexametasona, um fármaco anti-inflamatório, pode ser muito eficaz no tratamento do vírus SARS-COV-2, reduzindo em 35% o risco de morte em doentes ventilados, e em 20% em doentes oxigenados.
Em conversa com a Universitária, Ana Rita Duarte, responsável pelo projecto de investigação sobre sistemas eutécticos terapêuticos do Departamento de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (LAQV-REQUIMTE), explica que conseguiram “aumentar a solubilidade deste fármaco em 65 vezes, assim como a sua permeabilidade, que também duplicou”. Um passo importantíssimo, visto que o corpo humano é composto por 90% de água.
Na prática isto significa que é possível “diminuir a concentração que é tomada pelos pacientes, uma vez que uma menor dose do fármaco produz um efeito maior”, significando também “que os efeitos secundários também serão menores”.
“Verificámos que os THEDES à base de cloreto de colina e ácido ascórbico aumentam a eficácia da dexametasona, uma vez que é mais facilmente absorvida pelo organismo. Neste sentido, esta associação pode ser uma mais-valia não apenas no combate à Covid-19, como para outras doenças.”
Neste momento, a equipa de investigadores da capital está numa fase de realizar várias combinações que permitam potenciar ainda mais o efeito da dexametasona.
Os estudos in vivo, em animais, são o próximo passo, de modo a provar que o fármaco tem o mesmo efeito “em laboratório e num corpo”. Contudo, esta operação está dependente de fundos europeus.
Recorde-se que Ana Rita Duarte integrou o Grupo 3B´s, em 2007, e decidiu ingressar no mestrado em Propriedades e Tecnologia de Polímeros em 2012. Enquanto esteve no instituto da UMinho foi galardoada com uma bolsa do Conselho Europeu de Investigação (ERC) para estudar solventes amigos do ambiente. Desde meados de 2017 faz parte do Departamento de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
