Empresários de Braga com “confiança e esperança” no futuro

Esperança e confiança. São estes as palavras-chave de António Carlos Rodrigues, Graça Coelho, Ricardo Costa e Varico Pereira quanto ao futuro. Os quatro empresários bracarenses acreditam que a crise pós-pandémica, no sector empresarial, pode ser superada se houver cooperação e adaptação.

Os CEO do Grupo Casais, Bernardo da Costa (BC), Cachapuz Bilanciai Group e da Sociedade de Hotéis do Bom Jesus participaram, esta quinta-feira, no webniar “Os Desafios Pós- Pandemia – A visão dos empresários” promovido pela Associação Comercial de Braga (ACB).

No sector da construcção civil, ainda pouco “digitalizado”, António Carlos Rodrigues acredita que “a tecnologia vai fazer a diferença”. “Não podemos contar com uma vacina, temos que fazer o nosso trabalho dentro daquilo que conseguimos. Está tudo em cima da mesa. Parem de planear, comecem a preparar e executar”, aconselha.

A empresa de Graça Coelho conta com 55% dos recursos humanos em regime de teletrabalho, mas o “sector ainda não sentiu impacto”. A completar 100 anos, em 2020, a Cachapuz Bilanciai Group vai-se adaptando à nova realidade, vive-se com “incerteza”, mas, diz a directora-geral, “os grandes números não foram alterados”, no entanto os planos vão sendo “ajustados”.


O Grupo Bernardo da Costa, diz o seu CEO, também ainda não sentiu “o impacto da Covid-19”. “Os hábitos vão mudar e as empresas que mais rápido se adaptarem são as que mais rapidamente vão superar esta crise”, afirma Ricardo Costa. Vão apostando na formação, porque acreditam que “o conhecimento vai ser uma fonte que vai ajudar a sair desta situação”.

Tal como António Carlos Rodrigues, Ricardo Costa não espera pela vacina para programar o futuro. Os investimentos não ficaram em stand by. Os que não poderão ser realizados, como a participação em feiras, verão a verba “canalizada para acções de marketing que permita chegar a mais clientes”. O empresário acredita que uma das apostas para os que querem vencer terá que ser a “reinvenção e adaptação de produtos e soluções”. “Não imaginava, há seis meses, que estaria agora a vender uma máquina de desinfecção de espaço, mas tivemos um parceiro italiano que a adaptou”, exemplificou.

Desde o dia 20 de Março, que a Sociedade Hotéis Bom Jesus viu “100% da actividade reduzida”.

Varico Pereira confessa que nunca imaginou ter que “pedir aos trabalhadores para irem para casa, já que não há possibilidade de teletrabalho”. “Foi preciso abrir lay-off da empresa. Infelizmente alguns óptimos trabalhadores que estavam com contrato a prazo não fazia sentido renová-lo, já que não temos actividade “, adiantou.

O mercado interno, acredita Varico Pereira, será a primeira grande aposta do sector do turismo. “Viemos de um ano recorde, onde tínhamos delineado investimentos em Braga e fora do contexto regional, que não pararam. Aproveitamos este período para fazer uma manutenção e remodelação de edifícios”, afirmou.

O administrador apela ainda a que se apostem nas viagens em Portugal. “Temos que olhar para o futuro com positividade, com ou sem vacina temos que nos adaptar”, reafirma. 

“Temos que valorizar o que é português”


Enquanto o CEO do Grupo Casais defende que as empresas não podem estar sempre dependentes dos apoios do Governo, Ricardo Costa e Varico Pereira consideram que as medidas do Estado português “não foram suficientes, nem as mais correctas”, embora o CEO da BC considere que “o Governo tem gerido, a nível geral, a pandemia de forma muito positiva”. Ricardo Costa é, na generalidade, contra o lay-off, defendendo “medidas de protecção do emprego, sem redução de rendimentos”. Varico Pereira diz ainda que “houve alguns problemas na distribuição desses apoios, que não estão a chegar”.

Os empresários olham para esta crise como uma “oportunidade que não deve ser desperdiçada”. António Carlos Rodrigues lembra o “localismo” que tem levado as empresas a avaliar como se podem “abastecer mais localmente”. Neste sentido, Graça Coelho fala da cooperação e da onda que deve nascer e impulsionar o “Made in Portugal”. “Nos últimos anos temos tido uma dependência muito grande da Ásia, porque nos confrontamos com o preço, mas temos que valorizar o que é português”, afirma. Uma visão partilhada por Ricardo Costa que vê nesta fase uma “grande oportunidade para a indústria portuguesa se afirmar, tendo todo o know-how para ser tão ou mais competitiva”.

À frente de firmas bem posicionadas no mercado, estes empresários consideram que Portugal e os portugueses têm muito para dar a nível internacional. “Portugal pode ser a indústria da Europa”, afirmou o CEO do Grupo Casais. Para resistir às grandes ameaças internacionais, dizem, as empresas nacionais devem “juntar-se”.

Todos os empresários admitem procurar soluções, ao nível da sub-contratação, dentro de portas, privilegiando, cada vez mais, o que é português. Embora se atravesse uma fase difícil no sector, nenhum dos empresários despediu funcionários, nem tenciona fazê-lo.

“A luz ao fundo do túnel” começa a aparecer, admite Varico Pereira, que já pensa numa data para reabrir as portas dos hotéis e do restaurante. 

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Liliana Oliveira
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