Das 51 mortes registadas em Braga, metade ocorreram em lares

Até esta quarta-feira, o concelho de Braga registava “51 óbitos” por covid-19, sendo que, desses, “mais de metade ocorreram em lares”. Os números foram avançados à RUM pelo vereador da Protecção Civil da Câmara Municipal de Braga, Altino Bessa.
Dos mais de mil infectados no concelho (1063, até esta quinta-feira), “mais de 400” encontravam-se em Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).
Altino Bessa lembra que dos cerca de 2.500 testes realizados a utentes e funcionários, “2.300” foram custeados pelo município e “200” pelo Governo. “A Câmara de Braga foi a primeira do país a anunciar que iria realizar testes a todos os funcionários e utentes do concelho. A resposta do Ministério não aconteceu atempadamente, tivemos cerca de 200 testes disponibilizados apenas há cerca de uma semana”, sublinhou.
A medida custou aos cofres municipais “cerca de 250 mil euros”. A verba “deveria ser suportada pelo Ministério que tutela as IPSS”, afirmou Bessa, esperando que “a Câmara venha a ser ressarcida” do valor investido.
CMB não tem capacidade para estar permanentemente a dar resposta, avisa vereador da Protecção Civil
A autarquia comprometeu-se a testar todos os utentes e funcionários dos 32 lares do concelho, algo que “está praticamente cumprido”. O vereador esclarece ainda que os testes não foram realizados mais rápido, porque “não havia por parte dos laboratórios capacidade de resposta”. No entanto, lembra o autarca, “a Câmara não tem capacidade para estar permanentemente a dar resposta”.
“Não podemos testar mais duas vezes os mesmos utentes e funcionários”, quando “apenas para a realização dos testes a autarquia gastou 250 mil euros, nesta primeira ronda”, acrescentou Altino Bessa, apelando à tutela que “faça a sua parte”.
Ainda assim, garante o vereador, “nas situações que se justifique e não haja outra alternativa, a Câmara não deixará de dar resposta aos seus cidadãos”.
“Os lares têm sido abandonados pela tutela”
“Os lares continuarão a ser locais de grande sensibilidade a esta pandemia, não podemos baixar a guarda e temos que reconhecer o trabalho das instituições, principalmente dos funcionários, que considero os verdadeiros heróis. Mas, se não fosse a Câmara, esses trabalhadores não teriam o mínimo de equipamento para se proteger”, apontou o vereador.
Na esperança que haja “estabilização nos lares”, Altino Bessa garante que há já alguns a tentar voltar à normalidade. “Os lares têm sido, de alguma forma, abandonados pela tutela. A acção da Câmara permitiu, no caso de Braga, não deslocalizar os utentes para nenhum outro espaço. Foram feitas alas distintas em quatro lares, que separaram infectados de não infectados, para estancar o contágio. Fizemos desinfecção nesses lares e, por exemplo, no Asilo de S.José, esta sexta-feira, vamos fazer uma segunda desinfecção, para voltar a ter alguma normalidade”, finalizou.
