Em Londres também falta material nos hospitais e comida no supermercado

O novo coronavírus apanhou o mundo de surpresa e, alertou esta segunda-feira a Organização Mundial de Saúde, “a pandemia esta a acelerar”. Até ao momento, mais de 400 pessoas morreram no Reino Unido. Depois de inicialmente ter defendido que os ingleses se infectassem uns aos outros para criar uma imunidade de grupo, Boris Johnson anunciou, ontem, três semanas de quarentena para todo o território.
Em Londres, encontramos Joana Castro. Natural de Vila Nova de Famalicão, a jovem de 27 anos trabalha como auxiliar de acção médica nas urgências de um hospital londrino. “Supermercados com prateleiras vazias, pressão no pessoal clínico, um cenário muito difícil no hospital”, começou por dizer.
“Não temos o equipamento de protecção indicado. Há pressão, porque queremos fazer mais e melhor o nosso trabalho e não temos essa possibilidade. Estamos a por a nossa vida em risco e não conseguimos dar o cuidado que queremos”, começa por relatar.
No Hospital onde trabalha Joana foram fechados dois serviços para que pudessem ser instalados os doentes infectados, de outra forma, comenta a jovem, “não haveria camas”.
“Estamos a ficar sem stock, temos que ser bastante selectivos quando vamos usar máscaras porque já estamos a ficar sem elas. Claro que temos que usar uma máscara por paciente, mas é impossível e só tiramos a máscara quando saímos da área”, descreve.
Os acessos ao hospital vão ser, agora, mais restritos, mas, até aqui, “só uma pessoa podia visitar o doente, tendo que ser a mesma durante toda a semana, e apenas entre as 15 horas e as 18 horas, as crianças tinham apenas um dos pais a acompanhar não podendo haver trocas, na maternidade só podia estar o casal e jovens com menos de 18 anos não podiam ir ao hospital fazer visitas”.
A quarentena foi agora decretada, mas “pubs, restaurantes e cafés” já estavam fechados, assim como já se encontravam inactivas algumas linhas de comboio na cidade, ainda assim, frisa, havia “muita gente a não fazer quarentena”.
Supermercados vazios e com horário especial para pessoal clínico e idosos
“Os supermercados estão vazios, não há ovos, papel higiénico, enlatados ou leite. As pessoas panicaram, estão muito assustadas, fazem filas durante horas se for preciso para ir ao supermercado, mas depois saem às ruas e vivem as vidas normais”, afirmou.
Joana explicou ainda que “há um supermercado que durante uma ou duas horas, logo de manhã, está aberto só para idosos e há muitos que começaram a abrir uma hora antes para pessoal dos hospitais, polícia, etc”. “Começamos a ter muitos descontos e ajudas e os restaurantes mandam-nos comida para o hospital”, acrescenta.
Segundo esta famalicense, o Brexit seguido do surto de COVID-19 está a abalar a economia. E, à semelhança do que acontece um pouco por toda a parte, o futuro é incerto.
A vida de Joana está suspensa, não sabe quando voltará a ter férias ou a ver a família, que está em Portugal.
O primeiro-ministro britânico anunciou, esta segunda-feira, um conjunto de medidas de contenção mais severas no sentido de conter a propagação do vírus. As pessoas só podem sair de casa por quatro razões: compras para necessidades básicas; um vez por dia por motivos de exercício físico; necessidades médicas ou apoio a doentes; para ir trabalhar.
