“No pior dos cenários, não perderemos o controlo da situação no SNS”

“Até agora não faltou nada e não é previsível que venha a falta o que quer que seja ao Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, garante António Costa. O primeiro-ministro disse, esta noite, em entrevista à TVI, que acredita que Portugal não atingirá “o ponto de ruptura e é para isso que se está a trabalhar”. “No pior dos cenários, com a capacidade que está a ser reforçada, não perderemos o controlo da situação. Como é que posso medir a fiabilidade dessas previsões? Pelo que aconteceu nestas duas últimas semanas: o número de casos verificados foi inferior ao de casos estimados. Mais vale ter capacidade em excesso do que capacidade a menos”, explicou Costa, afirmando que o Governo tem tomado as medidas para garantir o bom funcionamento nos hospitais.
António Costa garante que não falta nada nos hospitais portugueses, mencionando que houve “um reforço de mil médicos e de 1800 enfermeiros, há cerca de 1142 ventiladores e, neste momento, 47 pessoas na unidade de cuidados intensivos”. “Ontem fizemos o pagamento de dez milhões de dólares (9,3 milhões de euros) para a aquisição de 500 ventiladores na China, que chegarão progressivamente até ao dia 14 de Abril. Tem havido donativos vários: via EDP houve 50 ventiladores mobilizados. Uma investidora chinesa fez uma doação de 78 ventiladores entregues na embaixada de Portual em Pequim, para os hospitais da área metropolitana de Lisboa”, revelou o primeiro-ministro.
Quanto ao número de camas temos já acordado com os privados a transferência de doentes e nas Forças Armadas temos cerca de duas mil camas de reserva disponíveis”, revela ainda.
O pico da pandemia deve chegar “a meio de Abril”, estando previsto o fim da “primeira onda para o final de Maio”, aponta Costa, lembrando que há uma equipa de especialistas a acompanhar o surto em permanência e de que não é ainda certo que não haja uma segunda onda.
O objetivo, lembra, é fazer com que a curva que representa o número de infetados não suba, mantendo-se muito nivelada. A estratégia tomada, lembra Costa, prolonga a pandemia no tempo, mas permitirá diminuir o número de infetados, evitando a tal “situação de rutura”.
Actualmente, fazem-se no país, segundo a Direcção- Geral de Saúde. “cerca de 2.500 testes”, mas Portugal tem condições para fazer dez mil testes no setor público e mil no setor privado. O primeiro-ministro fez ainda saber que “estão encomendados 280 mil testes rápidos “que chegarão nos próximos dias”.
Há uma empresa portuguesa a produzir alguns destes testes. Mas, questionado sobre a possibilidade de os testes serem dirigidos a pessoas que não apresentem sintomas, Costa garante que o Governo respeitará as indicações da DGS.
“Estado não tem uma varinha mágica para resolver os problemas todos”
Na entrevista, António Costa afirmou ainda que a reavaliação do fecho das escolas mantém-se a 9 de Abril e lembrou que “a escola continua em casa”. O Governo vai estudar como pode ser feita a reabertura das escolas e estratégias de avaliação a implementar nas mesmas.
No sector económico, o primeiro-ministro reconheceu que manter postos de trabalho é um “enorme esforço” e, por isso, as empresas podem recorrer ao lay-off.
Nesse caso, a Segurança Social paga 70% do salário do trabalhador. Costa lembra ainda que “os pagamentos de IVA, IRS e IRC” foram adiados para o segundo semestre do ano.
Sobre o futuro, Costa lamenta não ter uma “bola de cristal” para olhar já para setembro e lembra que teremos de viver mais um inverno ainda sem vacina, mas com coronavírus. “É absolutamente irrealista pensarmos que vamos ter superavit”, reconhece. Costa garante que o Estado irá “até aos limites do possível para sustentar” o combate à Covid-19. “O Estado não tem uma varinha mágica para resolver os problemas todos”, afirmou.
Costa explica que a autorização para a linha de crédito de 3 mil milhões de euros para as empresas chegou “ontem”, com um spread entre 1% e 1,5%.
O Primeiro- ministro deu ainda nota de que o financiamento de parte dos salários para evitar que as empresas despeçam trabalhadores vai representar a parte de leão da despesa pública no combate à crise económica causada pelo coronavírus.“Mil milhões de euros por mês é quanto custará o lay-off”, revelou António costa. “Temos de aguentar as empresas até junho”, acrescentou.
António Costa não quis terminar sem deixar um aviso: “Não podem acontecer” situações como as deste domingo, referindo-se às imagens que circularam dando conta de muita gente a caminhar junto à praia em zonas como a Póvoa de Varzim.
“Se for necessário impor um quadro sancionatório, imporemos”, garante António Costa, que espera não ser necessário ter “um polícia à porta de cada prédio”. O primeiro-ministro avançou que, nos últimos dois dias, 16 pessoas foram detidas por não cumprirem as regras do estado de emergência.
