UMinho assinala 1º Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

A Universidade do Minho assinala pela primeira vez o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A sessão comemorativa decorreu Espaço B-Lounge da Biblioteca Geral da UMinho, no campus de Gualtar, esta terça-feira. Uma conversa informal com quatro mulheres de diferentes gerações que escolheram trabalhar no mundo da ciência e investigação. Com o intuito de ser uma academia cada vez mais inclusiva, a UMinho associou-se a este dia internacional com um debate aberto.
Em declarações à RUM, o vice-reitor para a Investigação e Inovação, Eugénio Campos Ferreira, revela que na actualidade “60% dos quadros de investigação e docência nas universidades portuguesas já são ocupados por mulheres”. Contudo, a representatividade feminina ainda não é significativa em “posições de topo”, que continuam a ser lideradas por homens.
A UMinho, segundo o vice-reitor, está a “acompanhar esta média nacional”. Neste momento, é provável que “50% dos investigadores da academia minhota sejam do sexo feminino”, nota.
Barreiras culturais e sociais continuam a afastar as mulheres dos cargos de chefia
É uma das conclusões do projecto “EQUAL-IST” coordenado pela investigadora da Escola de Engenharia da UMinho, Isabel Ramos. À RUM, a investigadora destaca o facto de muitas das tarefas familiares continuarem muito associadas às mulheres. “Na minha geração, principalmente, penso que isso é a grande barreira profissional, uma vez que esta carreira exige muita disponibilidade para produções científicas e viagens. Esta foi uma das conclusões que retiramos do projecto que desenvolvemos a nível interno na UMinho. Percebemos que muitas colegas acabam por ser afectadas”, explica.
Neste momento a investigadora está a avançar com um projecto em parceria com a Câmara Municipal de Guimarães e as Comunidades Intermunicipais do Cávado e Ave. O objectivo passa por desenvolver um jogo para alertar de forma interactiva para a violência no namoro. Por outro lado, Isabel Ramos pretende trabalhar em conjunto com algumas empresas da região as questões de paridade.
Maternidade e investigação. Dois mundos em constante gestão.
Margarida Fernandes, investigadora distinguida com a Medalha de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência em 2018, confessou que as primeiras dificuldades que observou na carreira apareceram depois de ser mãe.
Durante a sessão, que teve lugar no B-Loung da Biblioteca Geral da UMinho, a investigadora afirmou com satisfação que muitas entidades como a FCT começam finalmente a demonstrar alguma preocupação com o bem-estar das mulheres. “A nossa produtividade diminui e isso tem sido um ponto de reflexão. Agora já temos direito a uma espécie de paragem de seis meses. São bons sinais”, refere.
“As mulheres tinham de ter características quase semelhantes aos homens”
A afirmação é de Flávia Freitas, estudante do mestrado integrado em Medicina. Para a jovem continuam a existir algumas diferenças entre mulheres e homens, mesmo que subentendidas.
Aos microfones da universitária confessou que, visto de fora, é percetível que muitas vezes as mulheres não são tão valorizadas.
