“Atribuição de Melhor Filme é um momento de afirmação da Academia”

“Um momento importante para Hollywood”. É assim que José Oliveira, do Cinceclube de Braga – Lucky Star, olha para a atribuição do Óscar de Melhor Filme a “Parasitas”.
Em 92 anos de história dos Óscares foi a primeira vez que um filme em língua não inglesa venceu a estatueta de melhor filme.
O filme do realizador sul-coreano, Bong Joon Ho, partiu com seis nomeações aos óscares e conquistou os quatro mais importantes para os quais estava indicado: melhor filme, melhor realizador, melhor filme internacional e melhor argumento original.
Numa análise à RUM, José Oliveira afirma que “é um caso importante” que contraria a “velha história” da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. “É um momento importante para a Academia se tornar mais autónoma e para premiar, penso, um filme bem melhor que o 1917, um filme que Hollywood faz ciclicamente”, comenta.
Questionado se este pode ser um sinal de mudança, o comentador mostra-se reticente. “Às vezes isto demora muito. Há mais de vinte anos, Roberto Benigni ganhou o óscar de melhor realizador com o filme ‘A vida é bela’, quase ganhava o de melhor filme e depois passam vinte anos até acontecer isto: um filme de língua estrangeira, com legendas, ganha o prémio principal (risos)… mas é um bom indicador, pode ser que surjam mais oportunidades para filmes não americanos”, sugere.
MELHOR ACTOR – Joaquin Phoenix – “Joker”
“Joker”, de Todd Phillips, participou com 11 nomeações, o maior número da noite, entre as quais melhor filme e melhor realizador, e obteve duas: melhor actor (Joaquin Phoenix) e melhor banda sonora. Sobre a atribuição da estatueta de Melhor Actor, José Oliveira diz que é um óscar “muito merecido”. “Era o esperado. Joaquin Phoenix há muito que devia ter ganho, mas como é uma figura muito polémica havia sempre a dúvida se de facto teriam coragem de lhe dar o óscar”.
MELHOR ACTRIZ – Renée Zellweger – “Judy”
O óscar de melhor atriz foi para as mãos de Renée Zellweger, no filme “Judy”. Sem contestação por parte do comentador da RUM, José Oliveira referiu se trata apenas de “mais uma confirmação de uma actriz há muito estabelecida, nada polémica e até bem consensual”.
MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO – Brad Pitt – “Era Uma Vez em… Hollywood”
Na opinião de José Oliveira, “o mais importante nos prémios de actores” foi o de melhor actor secundário. “Por um lado foi o óscar para o filme do Tarantino, e por outro, foi um grande ano para o Brad Pitt”, defende. “Era a melhor coisa do filme do Tarantino, e por outro lado tinha outra interpretação fabulosa no Ad Astra, um dos grandes esquecidos dos óscares. Foi fazer jus a um actor que está cada vez melhor e que é um grande personagem de Hollywood, um produtor muito escondido, que não dá nas vistas”, disse.
