GUIdance arranca hoje. Vera Mantero é a coreógrafa em destaque

O GUIdance – Festival Internacional de Dança Contemporânea, em Guimarães, assinala esta quinta-feira o arranque da sua 10ª edição. Sob o olhar do feminino, serão apresentados 11 espectáculos, dos quais quatro serão estreias nacionais e duas absolutas, nos palcos do Centro Cultural Vila Flor (CCVF) e do Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG).
O festival, que decorre até ao dia 16 deste mês, apresenta como principais destaques coreógrafas nacionais consolidadas como Vera Mantero ou Tânia Carvalho mas também nomes emergentes como Elizabete Francisca e Joana Castro. No plano internacional, a canadiana Marie Chouinard ou o colectivo Akram Khan Company são os chamarizes da 10ª edição do festival.
Rui Torrinha, director-artístico do festival, entende o programa como um cruzamento entre “o legado e o feminino, num programa que representa aquilo que é a dança em Portugal neste momento”.
O responsável justifica o cartaz quase inteiramente no feminino por considerar que “a mulher é o maior veículo das sensações de sensibilidade e diversidade no acto da criação”, sublinhando ainda o cuidado do Guidance em “fazer, a cada ano, um ping-pong entre dar palco a artistas novos e reconhecidos”.
Vera Mantero e Jonathan Uliel Saldanha apresentam “Esplendor e Dismorfia”
“Esplendor e Dismorfia” é o título da criação de Vera Mantero e Jonathan Uliel Saldanha que será levado a palco no segundo dia (dia 7, sexta-feira) da 10ª edição do GUIdance – Festival Internacional de Dança Contemporânea, em Guimarães.
O festival vimaranense recebe a estreia nacional de um espectáculo que foi apresentado pela primeira vez no Festival de Artes D’Avignon, em França, em Julho passado. À época, o encontro entre os dois artistas determinou o ponto de partida para “Esplendor e Dismorfia”. Ambos conheciam os respectivos trabalhos mas foi ali, em França, que o contacto de estabeleceu. A circunstância e o constragimento de tempo levou a uma criação “sincrética”, que “é mais do que uma peça ou um objecto, e sim uma investigação”, comenta Jonathan Uliel Saldanha.
Em palco, duas criaturas apresentam-se cobertas por uma camada de músculos de ar meio esponjoso que lhes disforma a fisionomia e que ganha simultaneamente um significado relativo à concepção de corpo mas também à de cenário. Cada uma, porém, transmite uma intenção distinta, entre passado e futuro.
“Estamos entalados entre dois objectos polarizados: um mais próximo, através de um redesenho do mundo através de uma geologia contida em GPU’S e em servidores; o outro numa espécie de poder brutal do corpo humano, numa uma espécie de desfasamento da fronteira”.
A antítese entre a linguagem informática e o hiper-real foi criada a partir da pesquisa de Jonathan Uliel Saldanha, que, segundo Vera Mantero – ela que é a coreógrafa em destaque da 10ª edição do GUIdance -, manifesta-se no resultado de, por um lado, o avistar de “uma série de documentários sobre a tecnologia dos data center” e, por outro, “das festividades da cultura Vudu”. Para Vera Mantero, ficou claro que “as duas criaturas ficariam entalados no meio destes dois fenómenos”.
No fim, a coreógrafa descreve a criação “como um objecto particularmente enigmático, um exemplo de um trabalho que é de outra esfera, para estar noutro lugar mental”.
O GUIdance arranca esta quinta-feira com o espectáculo “Onironauta”, de Tânia Carvalho, em cena no CCVF. O restante programa pode ser consultado aqui. Os bilhetes adquiridos aqui.
