STCC alerta para despedimento e suspensões indevidos na Concentrix

Os trabalhadores da Concentrix estão em greve em frente à estação de comboios de Braga até às 15h30 desta segunda-feira. Em causa está o despedimento de um dirigente do Sindicato de Trabalhadores de Call Center (STCC) e as suspensões de outro dirigente e dois delegados da mesma estrutura.

Depois de Nuno Geraldes ter sido demitido, em Julho, no início de Dezembro, os restantes trabalhadores visados foram suspensos. Atendendo a que todos os funcionários sancionados fazem parte da STCC, Nuno Geraldes acha “muito estranho” estes processos “só existirem para quem é da estrutura do sindicato”, considerando que é “claramente um caso de ataque sindical”.

“No meu caso tem a ver com um processo disciplinar em que eles dizem que eu divulguei informações confidenciais, o que não é verdade. Aos outros nunca foram explicadas as razões pelas quais estão suspensos”, explica o estado da situação. O dirigente sindical refere que os trabalhadores suspensos só deverão saber o motivo quando “chegar uma nota de culpa”, acrescentando que no seu caso só foi enviada quatro meses depois.

Apesar da empresa invocar uma quebra do acordo de confidencialidade com um cliente para o despedimento de Nuno Geraldes, o dirigente sindical acredita que há outra razão por detrás disso. “O meu caso vem de uma denúncia pública que fiz sobre uma trabalhadora que foi agredida no local de trabalho, sendo que depois foi suspensa e, mais tarde, despedida para abafar o caso. Avisamos a empresa várias vezes para resolver a situação para não termos que vir a público. Essa é verdadeira a razão para eles me terem despedido”, afirma.



“A empresa está a aproveitar este período para despedir algumas pessoas”

A última reunião entre o STCC e a administração aconteceu na semana anterior à suspensão dos três trabalhadores, em que, segundo Nuno Geraldes, a Manpower – a empresa responsável pela gestão dos recursos humanos da Concentrix, a par da Randstad –  disse que “devia dinheiro aos trabalhadores, resultante de atrasos no pagamento de prémios, mas que não sabia quando havia de pagar”.

Desde aí, de acordo com o dirigente sindical, a empresa “não deixa entrar nas instalações” os trabalhadores suspensos, tendo inclusivamente já chamado a polícia. “Temos apresentado queixa na ACT [Autoridade para as Condições do Trabalho] e estamos à espera que as entidades competentes façam a sua intervenção”, refere, afirmando que, mesmo suspensos, à luz da lei, os funcionários podem fazer trabalho sindical.

Nuno Geraldes alerta ainda que a administração está a “aproveitar este período para começar a despedir algumas pessoas e fazer transferências do local de trabalho dos funcionários de forma ilegal”. Na quinta-feira, às 15h30, vai ocorrer uma nova concentração, desta vez em frente à sede da Randstad, em Lisboa.


Randstad alega “violação do dever de confidencialidade” como causa da suspensão

A suspensão preventiva dos três trabalhadores é justificada pela Randstad pela “violação do dever 

de confidencialidade”. De acordo com um comunicado enviado à RUM, a administração garante que “os motivos da suspensão são do conhecimento dos trabalhadores e não estão de forma alguma relacionados com a estrutura sindical que integram”, acrescentando que “qualquer acusação de perseguição a estas organizações é absolutamente falsa”.

“A Randstad deu início a uma fase de inquérito para a averiguação e confirmação dos factos que levaram a esta suspensão. O processo em curso está a seguir os trâmites legais, cumprindo escrupulosamente o dever de informação da fase em que se encontra”, esclarece o ponto de situação.


A empresa informa ainda que “está em diálogo permanente com as diversas organizações representativas de trabalhadores, trabalhando construtivamente para a melhoria das condições de trabalho nas suas operações”.

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Tiago Barquinha
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