Fábrica Confiança vai ser residência universitária privada

A Câmara Municipal de Braga confirmou esta manhã que vai seguir em frente com a alienação do edifício da antiga Fábrica Confiança, mas os interessados na aquisição só poderão requalificar o espaço para uma residência universitária. O novo caderno de encargos será apresentado e submetido a votação na reunião de câmara da próxima segunda-feira, e posteriormente a Assembleia Municipal. O autarca Ricardo Rio estima o lançamento de uma nova hasta pública para meados de Fevereiro.

Em conferência de imprensa, Rio admitiu ter recebido já propostas de vários promotores privados, nacionais e internacionais, interessados em comprar o edifício para o transformar em residência universitária.

A Residência Universitária privada terá capacidade para 300 apartamentos e vai dividir-se pelo edifício principal e por um novo edifício que será construído nas traseiras da Fábrica, no mesmo terreno.

Para confirmar a viabilidade desta solução, numa altura em que está em curso um processo de classificação, a autarquia trabalhou no sentido de “salvaguardar um clima de segurança e de certeza” junto de eventuais investidores. Para isso, “na defesa do interesse público a CMB suspendeu a alienação” e submeteu um PIP, justificou Ricardo Rio.

CMB submeteu PIP para intervenção na Fábrica Confiança e obteve parecer positivo


O autarca explicou esta manhã que o município submeteu um Pedido de Informação Prévia (PIP) para uma intervenção, num projecto que salvaguardava do ponto de vista patrimonial toda a envergadura da Fábrica original, mas também a interacção entre o edifício da fábrica  e o terreno adjacente, consignando à utilização do edifício um único uso, estratégico, o de ser uma residência universitária“. 

O Conselho Nacional de Cultura aprovou o PIP, existindo condições de avançar para a concretização da alienação, explicou ainda Ricardo Rio. Mantêm-se os 500 m2 para componente museológica da Fábrica Confiança. Na nova avaliação, a antiga fábrica será vendida, pelo menos, por 3 milhões seiscentos e cinquenta e um mil euros, uma desvalorização face ao valor anterior que se situava nos 3,8ME.

Entretanto será revogado o caderno de encargos anterior e será submetido um novo que tem como elemento central, o referido PIP. Depois da aprovação em sede de reunião de executivo e em sede de Assembleia Municipal, a autarquia irá anunciar uma nova data para a hasta pública.

CARACTERÍSTICAS DA OPERAÇÃO URBANÍSTICA

Serão criadas condições de acolhimento a trezentos estudantes. O edifício principal vai ser restaurado, mantendo todas as características arquitectónicas e patrimoniais existentes, além da construção de um novo edifício no terreno sobrante, a norte. 

No antigo edifício principal ficará o centro interpretativo, associado a uma área de restauração e bebidas e outros espaços de apoio à residência, além de uma área residual de comércio complementar aos usos propostos. No edifício principal ficarão ainda “alguns apartamentos”, segundo as informações prestadas esta manhã pelo chefe do Serviço de Divisão do Centro Histórico, Pedro Lopes.

No terreno sobrante, “propõe-se a edificação de um novo volume destinado às valências próprias de uma residência universitária, com uma imagem contemporânea, que contribuirá para a melhoria muito significativa da imagem urbana heterogénea e desqualificada que hoje faz a envolvência directa da parte do imóvel em vias de classificação, sem interferir com o mesmo, e com uma volumetria independente”, especificou Pedro Lopes.


Antiga rua do Pulo será reactivada para passagem pedonal

Os dois edifícios serão separados pela rua do Pulo e o novo edifício, o principal, diminuirá ao máximo a implementação do solo. Será por isso possível passar a pé por baixo do novo edifício que terá sete pisos, capacidade para 300 apartamentos e 150 lugares de estacionamento. A rua traseira (rua do Pulo) será reaberta, amplificando a visibilidade do espaço público.

Já Miguel Bandeira, vereador no município, destaca o restauro e intervenção naquele edifício, preservando a memória e identidade. Sobre o PIP, Bandeira diz que “vai mais além, consagra a recuperação e o ensaio de aspectos que hoje a degradação do edifício já não é capaz de o demonstrar”. Na opinião do vereador do Urbanismo, esta obra “será um exemplo de interesse público motivado pela iniciativa privada”.



“Há vários promotores nacionais e estrangeiros interessados em construir ali uma residência universitária”

Em resposta às questões dos jornalistas, Ricardo Rio explicou que vários promotores nacionais e internacionais se manifestaram interessados em aproveitar o edifício para a construção de uma residência universitária privada, mas  rejeitou que a U-WORLD tenha sido uma das empresas privadas interessadas. Recorde-se que a referida empresa, há cerca de um ano, tinha anunciado um investimento em Braga, junto ao campus de Gualtar, tendo como objectivo uma residência universitária privada.

O autarca explicou que o município entendeu escolher, entre os vários usos, o da residência universitária, porque era “o que melhor se ajustava à realidade actual”.

PLATAFORMA SALVAR A FÁBRICA CONFIANÇA TEM PROCURADO IMPEDIR A VENDA DO IMÓVEL A PRIVADOS

Tendo como missão impedir a alienação do imóvel por parte da autarquia, um grupo de cidadãos uniu-se há mais de um ano criando a Plataforma Salvar a Fábrica Confiança.

Recorde-se que o edifício foi comprado pela CMB em 2013, ainda sob gestão de Mesquita Machado. A ideia passava por requalificar o imóvel colocando-o à diposição dos bracarenses como espaço de cultura da cidade de Braga. Ainda que Ricardo Rio, agora presidente da autarquia, tenha participado nas negociações a convite do antigo autarca socialista precisamente por ser um defensor acérrimo da restauração do espaço para usufruto da cidade, enquanto autarca da coligação, o mesmo recusou realizar qualquer intervenção no espaço, alegando sempre indisponibilidade financeira para investir naquele local. 

Já em 2017, nas últimas eleições autárquicas, no seu manifesto eleitoral, a coligação Juntos por Braga admitia pela primeira vez, de forma oficial, a possibilidade de alienação do edifício localizado na Rua Nova de Santa Cruz, na freguesia de S. Victor. Existiram duas tentativas de hasta pública que foram travadas pelo conjunto de cidadãos através de acções na Justiça.

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Elsa Moura
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