Dois mil anos depois a CTB devolve a alma ao Teatro Romano da Cividade

A Companhia de Teatro de Braga (CTB) convida os espectadores a rumar numa viagem de dois mil anos nas Ruínas do Teatro Romano da Cividade. De 25 de Setembro a 10 de Outubro, “As Troianas”, de Eurípides, é o espectáculo que irá dar uma nova vida a este anfiteatro romano, sempre às 21h30.
A entrada será feita pela Rua Damião de Góis, o verdadeiro acesso ao anfiteatro nos tempos de Bracara Augusta.
Um espectáculo de “testemunho sobre a violência contra as mulheres e as crianças, sobre o sentido de pertença depois da perda. A transitoriedade da vida e a busca da transcendência rumo a uma qualquer espiritualidade onde a palavra e o silêncio nos apaziguem”. É assim que o director da CTB, Rui Madeira, descreve esta “tragédia da Cultura Clássica Grega.
Na apresentação da iniciativa, ao final da manhã desta quarta-feira, Rui Madeira referiu que é uma “honra e um desejo finalmente realizado” assinalar os 40 anos da companhia neste local coberto de história.
A qualidade acústica do espaço não passou despercebida durante a apresentação. De modo a cativar cada vez mais os bracarenses para esta que é a sua identidade, a CTB em parceria com a União das Freguesias de Maximinos, Sé e Cividade desafia os moradores a instalar nas suas varandas “lençóis brancos”. “Vamos conseguir projectar elementos de um teatro romano”, explica.
A lotação do espaço está limitada a 100 pessoas. Nos dias 3 e 10 de Outubro, às 11h00, os espectadores que adquiriram bilhete para a peça vão ter a oportunidade de participar numa visita guiada ao complexo romano.
Para o futuro pós pandemia já está a ser idealizado um “festival de teatro clássico”.
[Fique a conhecer aqui a programação da CTB para os meses de Setembro e Outubro]
Iniciativa vai relançar trabalho de investigação nas Ruínas do Teatro Romano da Cividade.
Esta é a premissa do vereador com a pasta do Património na Câmara Municipal de Braga, Miguel Bandeira, que acredita que este pode ser um passo fundamental para conseguir “acelerar e demonstrar perante as entidades a importância de devolver o uso e actividade a estes locais”.
As Ruínas do Teatro Romano da Cividade são imóveis classificados como de interesse nacional e internacional. As escavações que ocorreram no local foram da responsabilidade da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho e do Município de Braga.
Para Miguel Bandeira este é o “caminho certo”, visto que os núcleos museológicos não são nem devem ser encarados apenas como conjuntos de ruínas paradas no tempo. “O que pretendemos é que sejam sentidos e interiorizados pela comunidade”, defende.
Já a vereadora da Cultura no Município de Braga, Lídia Dias, fala num “casamento perfeito” entre o trabalho da CTB na valorização e formação educacional junto da comunidade. São estas propostas que vão permitir que a cidade dos arcebispos seja “reconhecida a nível nacional e internacional” como uma referência cultural.
Nas palavras da vereadora, esta acção é um “acto de coragem” quando se vivem tempos incertos devido à pandemia de Covid-19.
