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Liliana Oliveira

Regional 27.04.2024 10H57

Braga recuou no tempo e celebrou o 26 de abril de 1974 com público escolar

Escrito por Liliana Oliveira
Condições atmosféricas acabaram por forçar a alteração de planos, além de atraírem menos gente à Praça do Município. Ainda assim, a recriação histórica do comício de 1974 realizou-se na presença de alguns dos protagonistas da altura. 

A RUM transmitiu, esta sexta-feira, 26 de abril, uma emissão especial, a partir da Praça do Município, que recuou 50 anos no tempo, para recriar o comício promovido pelo Movimento Democrático de Braga. José Manuel Mendes, Barreto Nunes e Paulo Sousa foram apenas alguns dos convidados que recordaram, na Universitária, aquele 26 de abril de 1974. 


As condições atmosféricas acabaram por forçar a alteração de planos, além de atraírem menos gente à Praça. 

Há 50 anos, subiram à varanda, perante uma Praça cheia, Vítor de Sá, Lestra Gonçalves, Manuel Silva, Humberto Soeiro, Luísa Caeiro, José Manuel Mendes, Lino Lima e do Capitão Joaquim Soares Leite para s primeiros discursos proferidos num país livre. 


“Caros bracarenses, finalmente a Liberdade e assim hoje vivemos tempos de muita alegria. Agora serão novos tempos que esperamos que corram bem, para que finalmente se possa consolidar a Democracia no nosso Portugal". Foram estas as primeiras palavras do capitão Soares Leite. 


Luísa Caeiro, a única mulher a subir à varanda para discursar disse: "Ontem os cravos desabrocharam trazendo não só liberdade política, mas também um impulso poderoso em direção à liberdade das mulheres. As

mulheres, há muito silenciadas e subjugadas, erguem hoje as suas vozes para reivindicar direitos que há muito lhes eram negados. Que cada cravo nos lembre que a liberdade é o direito de todas as mulheres, hoje e sempre".


José Manuel Mendes era naquela época um jovem estudante. Subiu à varanda para saudar os miliatres "que, num rasgo patriótico, fizeram tombar uma Ditadura com quase meio século de iníquas provas – Partido Único, elevação de fascistas e não poucas nulidades aos postos do mando, tirania, corrupção, organizações afrontosas como a Pide, a Legião, a MP, o Movimento Nacional Feminino, essa escória de bufos conspurcando as mesas dos Cafés, os convívios, o viver das famílias, em prol da doutrina oficial da insânia, as cadeias, Aljube, Caxias, Peniche, desde logo, o Campo do Tarrafal onde assassinaram cidadãos intransigentes e solidários".


Esta sexta-feira, vários alunos das escolas do concelho de Braga concentraram-se na Praça do Município com os mesmos cartazes que há 50 anos se ergueram para celebrar a liberdade. 

O projeto com a direção artística da Malad’Arte, desenvolvido em parceria pelo município de Braga, com a Comissão de Homenagem aos Democratas de Braga e com a Rede de Escolas no âmbito do PNA (Plano Nacional das Artes), envolveu para além das escolas, o Laboratório de Criação Teatral GUT, Oficina de Teatro ESAS, Regimento de cavalaria Nº 6 de Braga, Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, do Coro Allegretus do Centro Cultural e Social de Santo Adrião Braga e do grupo coral AESAS.


Visivelmente emocionado, José Manuel Mendes, uma das figuras que discursou há 50 anos, recordou algumas das palavras proferidas na altura, referindo “a enorme alegria” que sentia “pela vitória democrática”. Na altura com 25 anos, José Manuel Mendes referiu “a urgência que se sentia de agir de imediato, com uma visão de futuro”.

Por sua vez, Luísa Soeiro, que também falou da varanda à multidão, lembrou que, na altura com 30 anos, “a Praça Municipal estava pejada de gente muito entusiasmada. Era o dia a seguir ao 25 de Abril, já não havia medos nem ansiedades”, apesar de alguma incerteza. A professora do Liceu Sá de Miranda representava as mulheres de Braga, e era a elas que o discurso se dirigia. “Chamava as mulheres à luta, para participarem ao lado dos homens em todas as conquistas”.


Em Braga, o 25 de Abril de 1974 viveu-se com grande expetativa e curiosidade. As notícias dos acontecimentos que se desenrolavam em Lisboa, chegaram com algumas horas de atraso e, apenas no dia seguinte, a 26 de Abril, a população bracarense saiu à rua.

Aquilo que começou com uma manifestação de um grupo de jovens junto ao Liceu Nacional de Sá Miranda, onde as aulas foram suspensas, transformou-se ao final da tarde num comício na Praça Municipal, onde acorreram muitos milhares de pessoas que saudavam as forças armadas. Às varandas dos Paços do Concelho surgiram personalidades de Braga.


Pode ouvir a emissão da RUM aqui.

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