Academia 01.03.2024 18H37
D. Diogo de Sousa promove consciência política com debate entre cabeças de lista por Braga
Educação, emigração, habitação e salários foram alguns dos temas abordados com os cabeças de lista da Aliança Democrática (AD), Bloco de Esquerda, CDU, Chega, PAN e PS. Iniciativa Liberal e Livre fizeram-se representar por outros elementos da lista.
Os estudantes do Colégio D. Diogo de Sousa tiveram oportunidade de questionar os cabeças de lista pelo distrito de Braga para as eleições legislativas, num debate moderado por alunos. Educação, emigração, habitação e salários foram alguns dos temas abordados nesta iniciativa promovida no âmbito da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.
Apesar de a grande maioria da plateia não ter idade mínima para votar, a 10 de março, como é o caso dos moderadores: Guilherme Barbosa (12º), Afonso Pires (12º) e José Duarte (10º), todos consideram esta oportunidade uma forma de desenvolver "consciência e educação política". Além disso, os alunos falam da necessidade de contribuir para uma maior "informação" sobre as propostas dos diferentes partidos, sendo que muitos confessam não ter assistidos aos debates televisivos, logo este é um passo também para contrariar a abstenção.
O que pensam os partidos sobre o estado atual da educação?
O primeiro a partilhar a sua visão sobre este tema foi Filipe Melo, cabeça de lista pelo Chega. Para o também deputado na Assembleia da República é premente reverter o que considera uma política socialista que permite "passagem obrigatória" de ano para ano, acabando por não premiar a excelência.
Do lado da Iniciativa Liberal, Fernando Costa, considera ser necessária uma "reforma" no sistema educativo, de modo a fazer face aos maus resultados dos alunos. "Não podemos culpar apenas a covid-19", refere. Para o sétimo elemento da lista da IL por Braga, as escolas precisam de "mais autonomia"
"Replicar o modelo do Colégio D. Diogo de Sousa" é a intenção do cabeça de lista da Aliança Democrática, Hugo Soares. Para atingir esse objetivo, o social democrata aponta à estabilização da carreira docente e melhores ordenados para dar motivação e estabilidade aos docentes. Além disso, o PSD pretende, caso seja governo, fazer regressar as provas no final de cada ciclo.
"Colocar o aluno no centro da educação" é o grande desígnio do PAN. Rafael Pinto explica que este objetivo é consolidado com a valorização das diferentes competências, a título de exemplo, artísticas dos alunos e não apenas pelas notas às tradicionais disciplinas. Porém, frisa que não é possível transformar a educação sem antes garantir que estudantes e docentes têm as condições mínimas para aprender e ensinar, logo é urgente concretizar obras em 16 escolas do distrito de Braga.
Recorde-se que apenas 0,7% dos alunos do 5.º ano conseguiram identificar, nas provas de aferição realizadas em 2023, a Península Ibérica no mapa.
José Luís Carneiro, do PS, recordou o caminho percorrido desde a década de 80 em que Portugal tinha uma taxa de analfabetismo de 19%, em 2021, era de apenas 3%. Em resposta ao PAN, o cabeça de lista do Partido Socialista avança que está já atribuída verba para recuperar 22 escolas básicas e secundárias no distrito de Braga com especial prioridade para Amares e a Henrique Medina, em Esposende.
O Livre foi representado neste debate por José Carlos Vieira em substituição de Teresa Mota. Sobre a educação, o porta-voz diz apenas que o problema não está na forma, mas sim no conteúdo. Para o Livre a escola pública é um "instrumento vital" para a sociedade.
Para o Bloco de Esquerda é premente avançar com a recuperação integral da carreira dos professores, pois sem eles não há escola. Bruno Maia defende ainda que a escola "tem de ser mais que uma nota". No entender dos bloquistas deve caminhar para ser mais "inclusiva e diversa".
Já a CDU defende que os exames nacionais não devem contar para a entrada no ensino superior. Sandra Cardoso considera por isso que o mérito não deve ser medido apenas pelas notas e exemplo disso é a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.
Que condições têm para oferecer os partidos em relação aos salários?
A Iniciativa Liberal propõe uma "redução fiscal" com principal foco nos rendimentos dos jovens. Fernando Costa desafia a plateia a visitar o site do partido e utilizar o simulador para perceber, com as políticas liberais, quanto passaria a receber caso a IL chegue ao Governo.
Para José Carlos Vieira, do Livre, a redução dos impostos não passa de uma "falácia", visto que os países para onde os jovens emigram têm impostos superiores aos praticados em Portugal. O desafio, no seu entender, está na organização das empresas e no seu necessário avanço tecnológico.
A mesma premissa é defendida por Bruno Maia do Bloco de Esquerda que acrescenta a urgência dos trabalhadores terem mais direitos. "O problema não são os impostos, mas sim os salários que são muito mais baixos", refere.
Para a Aliança Democrática é fundamental baixar impostos para que as empresas possam pagar melhores salários. Hugo Soares fala numa redução do IRC até 15%. Uma medida que, acredita, irá permitir atrair também investimento estrangeiro para Portugal e assim dar folgo à classe média.
O PAN recordou que, durante várias décadas, Portugal foi competitivo na área do têxtil devido aos baixos salários, uma realidade que deve ser alterada para travar o êxodo da população principalmente mais jovem. Rafael Pinto pretende aplicar uma revisão dos escalões do IRS, alargamento do IRS jovem e, ainda que moderado, uma redução dos impostos para as empresas.
José Luís Carneiro, do PS, lembrou que o desemprego jovem diminuiu em relação a 2015 em que estava nos 32,9% e em 2022 cifou-se nos 23,9%. Quanto ao salário mínimo, no mesmo período, passou de 505 euros para 820. O Partido Socialista pretende apostar na "inovação da base produtiva" para que seja possível melhorar salários. Ao contrário da AD, não avançam com uma redução generalizada do IRC.
O Chega propõe a isenção de IRS para jovens até aos 35 anos até perfazerem um total de 100 mil euros. Filipe Melo considera que esta é uma forma de "diretamente dar rendimento aos jovens". O cabeça de lista lançou ainda críticas aos partidos de esquerda por considerar que "demonizam" os grandes grupos económicos.
A CDU pretende que, já em 2024, nenhum trabalhador leve para casa menos de mil euros por mês. Uma medida que Sandra Cardoso acredita ser viável, visto que o Governo se o "orgulha de apresentar um excedente orçamental" e pelo facto de existirem "grandes grupos económicos a ganhar 25 milhões de euros por dia". "Há má distribuição do dinheiro", aponta. Além dos salários, a comunista frisa que poderiam ser utilizados para valorizar carreiras.