Internacional 10.11.2025 17H39
José Palmeira alerta para que as políticas acordadas na COP30 "não fiquem só no papel"
Pela primeira vez, o Brasil recebe o encontro anual onde líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil se juntam para discutir ações para combater as mudanças climáticas.
Arranca esta segunda-feira a 30.ª Conferência do Clima da ONU, a COP30, que decorre pela primeira vez na Amazónia brasileira. São duas semanas decisivas para a ação mundial contra as mudanças climáticas, onde participam cerca de 170 países e 50 mil pessoas – incluindo líderes, empresários, ativistas, cientistas e diplomatas.
À RUM, o professor de relações internacionais da Universidade do Minho, José Palmeira, fez um balanço da importância da conferência dedicada ao clima, que este ano deixa de fora grandes potências mundiais, como a China e os EUA. Para o docente, estas “ausências têm efeito na política porque são as ações destes países que mais têm consequências climáticas”.
Na visão de José Palmeira, a China é um dos países mais poluidores, mas simultaneamente, dos que “mais investe em energias renováveis e alternativas”. Por outro lado, os EUA aproximaram-se em tempos com os compromissos assumidos no Tratado de Paris, mas a atual presidência “rompeu” com essas obrigações, fazendo a política norte-americana “ficar afastada desses compromissos”. Tendo em conta as catástrofes atuais, sublinha, “é necessário envolver estas potências”.
O Brasil, por sua vez, acolhe pela primeira vez esta conferência, em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro. Segundo o professor da UMinho, Lula da Silva tem-se demonstrado “preocupado e comprometido com as políticas ambientais, ao contrário do antigo líder brasileiro”, estando ao lado da União Europeia.
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas realizou-se, em 2024, em Bacu, Azerbaijão, de 11 a 22 de novembro. Para José Palmeira, esta reunião cumpre essencialmente com o impacto mediático: “sensibilizar” os cidadãos para a temática ambiental, enquanto “pressiona os governos nacionais”. No entanto, o professor alerta para a necessidade de as “políticas não ficarem só no papel e passarem a políticas consequentes”, caso contrário, as “principais vítimas serão os cidadãos no futuro”.
Escrito por Marta Ferreira e editado por Marcelo Hermsdorf