A "Castro", criação deste ano do Teatro Nacional São João (TNSJ), do Porto, chega esta quinta-feira, dia 22, ao Theatro Circo, em Braga. Trata-se de uma peça que parte da obra homónima de António Ferreira, escrita em 1587 e considerada a primeira e maior tragédia da dramaturgia portuguesa.

À RUM, o encenador da criação, Nuno Cardoso, revela que a peça, "como todas as tragédias", foca-se "num único dia e aqui é sobre o último de Inês de Castro". O encenador de 50 anos explica que o espectáculo "reflecte a teimosia e a cegueira da emoção, desenhando, com isso, um conjunto de impossibilidades que geram a catástofre que é a morte de Inês".

A peça conta com o elenco residente do TNSJ – ao qual se juntam Margarida Carvalho e Pedro Frias - e é composto por oito actores, um dos quais Rodrigo Santos, que interpreta o infante D. Pedro. À RUM, o artista - que rejeita que o peso da sua personagem na história portuguesa lhe traga "mais responsabilidade" - desvenda que o objectivo do espectáculo passa por aproximar o público a uma criação histórica de "uma forma concreta, visceral e emocional".

"Mais do que estarem preocupados se a estória corresponde historicamente ao que se passou, os actores estão preocupados com o mapa emocional desta estória de desejo e amor, que importa trazer para palco", comenta.

O encenador Nuno Cardoso sublinha também que o espectáculo não quer seguir estritamente a dramaturgia do séc. XVI, assumindo a importância de adaptar a criação de António Ferreira aos dias de hoje. "Com esta peça, o TNSJ quer mostrar ao público o modo como estes assuntos, que normalmente são tidos de uma forma folclórica e iconográfica, são relevantes para os dias de hoje, na nossa acção como cidadãos. Este espectáculo é uma tentativa de reintroduzir a "Castro" ao público de 2020", aborda.

A peça "Castro" está em cena às 21h30 desta quinta-feira na sala principal do Theatro Circo e os bilhetes podem ser adquiridos aqui.