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Liliana Oliveira

Regional 16.01.2019 15H48

Terminal "vai colocar Famalicão no mapa portuário" em 2020

Escrito por Liliana Oliveira
Maior terminal ferroviário de mercadorias da Península Ibérica vai ter morada em Lousado, no concelho de Vila Nova de Famalicão. Protocolo para a construção foi assinado esta quarta-feira.
Carlos Vasconcelos, presidente do conselho de administração da Medway, Paulo Cunha (CMF), Pedro Marques, ministro do Planeamento e Infraestruturas, e Rui Santos, empresário, avaliam impacto do terminal na região.

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"Queremos trazer o mar até Vila Nova de Famalicão". Foi com este desejo que Carlos Vasconcelos, presidente do conselho de administração da Medway, apresentou o terminal "de última geração, que vai colocar Famalicão no mapa portuário" ou não estivéssemos a falar do maior terminal ferroviário de mercadorias da Península Ibérica.


A autarquia assinou, na manhã desta quarta-feira, o protocolo com a Medway e a Infraestruturas de Portugal - IP para a construção do terminal.


Carlos Vasconcelos, da Medway, empresa líder no transporte ferroviário de mercadorias em Portugal, fala de um investimento que “ultrapassará os 35 milhões de euros”. “Vai surgir um terminal numa área de 200 mil metros quadrados, pavimentada, com seis linhas de caminho de ferro, com mais 750 metros, armazém, pórticos, equipamento para movimentação de cargas, descarga de comboios de areia, movimentação de areia e caixas móveis”, descreveu o representante daquela empresa.


A escolha de Lousado para instalar o maior terminal ferroviário ibérico de mercadorias está relacionada com o facto de Famalicão ser “um dos concelhos com maior volume de exportação do país, onde já existe uma indústria sediada”. Além disso, “a localização geográfica, em termos ferroviários, era uma das melhores localizações que se podia escolher para instalar este terminal”, acrescentou.


Paulo Cunha, presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, considera que este terminal ferroviário vai atrair "mais investimentos para o concelho". “Os ganhos futuros são enormes”, começou por dizer o autarca, que acredita que “são várias décadas de potencial de investimento que se gera em Famalicão e na região Norte”.


A estrutura, acredita o presidente, “tratará melhores condições para as empresas”, que se vão sentir “atraídas em fixar-se nesta região”. “Somos o terceiro concelho mais exportador do país e isso significa que a Medway viu em Famalicão potencial para que o investimento pudesse ser bem sucedido, mas também acreditou naquilo que poderá ser o futuro”, apontou Paulo Cunha, que está seguro “que este investimento vai trazer consigo um potencial de crescimento muito grande do ponto de vista empresarial”.


Para o autarca, a ferrovia “é uma boa alternativa à rodovia e este investimento ajudará a que a Nacional 14 seja mais liberta dos compromissos de tráfego que tem tido nos últimos anos”.


Terminal vai permitir “o reforço da dinâmica económica e da capacidade de atracção de investimento industrial no Norte”


Presente na sessão esteve o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, que anunciou os investimentos previstos para a linha do Norte.


“Estou em condições de dizer que o Governo já aprovou a estratégia e só o fez porque tem a perspectiva dos fundos comunitários que vão estar disponíveis para a realização desse investimento”, começou por afirmar o ministro.


Pedro Marques garantiu que o Governo foi ver “onde estavam as perspectivas dos Fundos Comunitários e definiu prioridades”. “Mais investimento na região Norte”, que passará pela “quadruplicação do troço Contumil/Ermesinde”, investimentos “na linha de Leixões, para dar mais capacidade ao transporte de mercadorias mas também para uma ligação mais competitiva de Campanhã ao aeroporto”. “Uma grande prioridade a linha do Norte para por mais passageiros na linha, reduzindo para baixo das duas horas a ligação entre Porto e Lisboa e mais 40% de capacidade de transporte de mercadorias na linha do norte”, detalhou o governante.


Ora, a Medway vê com “bons olhos” o investimento anunciado por Pedro Marques. Carlos Vasconcelos garante que “o país precisa deste investimento”, uma vez que “abandonou a ferrovia durante décadas”. “Precisamos de obra para que a ferrovia seja uma realidade competitiva e ajude as importações e exportações”, acrescentou o representante da Medway, que pede o “empenho de todos” para que as obras avancem, uma vez que “são essenciais e determinantes para o sucesso das exportações”.


Pedro Marques elogiou a iniciativa do investidor privado “que arriscou e decidiu avançar e criar muito mais capacidade para o transporte ferroviário de mercadorias em Portugal”. O investimento, explicou o ministro, contou “com a parceria da autarquia e da comunidade local mas também foi fruto do investimento realizado ao longo destes três anos no âmbito do Ferrovia 2020”.


“Todas as nossas linhas ferroviárias estão a ser capacitadas para a circulação de comboios de 750 metros, para mais competitividade e redução de custos no transporte de mercadorias”, acrescentou.


Além disso, está em causa “o reforço da dinâmica económica e da capacidade de atracção de investimento industrial da região Norte”. “O Governo já se comprometeu com a apresentação do programa nacional de investimentos a continuar esta estratégia”, garantiu.


Terminal de Lousado vai permitir uma "poupança significativa" às empresas da região 


Rui Santos é um dos empresários que vai beneficiar com a construção deste terminal. Proprietário da RSteel, diz que vai conseguir poupar “10% a 15%” no transporte de mercadorias.

“Haverá uma poupança significativa, porque tendo a minha empresa um foco fundamental que é a exportação, estamos, cada vez mais, a alugar contentores para fazer transporte por contentor e evitar o transporte por via terrestre”, comentou o empresário. O terminal de Lousado, garante, “vai facilitar o negócio”, porque com a proximidade “os produtos vão chegar ao destino a preços mais competitivos”.


Mais de 100 postos de trabalho


A construção do terminal iniciar-se-á assim que o respectivo projecto obtenha as necessárias licenças, prevendo-se a sua conclusão para "Março de 2020". Será equipado com as tecnologias mais modernas, ao nível dos melhores terminais do mundo. Para operacionalizar este terminal estima-se a criação de mais de 100 postos de trabalho, directos e indirectos.

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